Economia

Consumo das famílias recua 5,0% no PIB do 2º tri ante mesmo tri de 2015, diz IBGE

O consumo das famílias teve queda de 5,0% no segundo trimestre de 2016 em relação ao segundo trimestre de 2015, completando seis trimestres de queda. Segundo Cláudia Dionísio, gerente de Contas Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a baixa está relacionada à deterioração dos indicadores de emprego e renda, ao acesso restrito ao crédito e à alta taxa de juros.

“O empréstimo para pessoas físicas caiu em termos reais, as pessoas estão com acesso restrito ao crédito, está mais caro. Os bancos estão mais rígidos para ofertar por conta dos altos índices de inadimplência. A (taxa) Selic se manteve, mas continua elevada e é maior do que era no mesmo trimestre do ano passado. O IPCA também está acima do visto no ano passado”, comentou Dionísio.

A taxa Selic alcançou 14,3% ao ano no segundo trimestre de 2016 contra 13,0% no segundo trimestre de 2015. O IPCA cresceu 9,1% contra 8,5% no mesmo período. Na comparação do segundo trimestre de 2016 em relação ao trimestre imediatamente anterior, o consumo das famílias registrou queda de 0,7%.

Indústria e Serviços

A indústria e o setor de serviços reduziram o ritmo da queda no segundo trimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado, comentou Claudia Dionísio. As retrações foram de 3% e de 3,3%, respectivamente. A queda do PIB da indústria é a nona taxa negativa consecutiva.

Na comparação entre o segundo trimestre e o período imediatamente anterior, a indústria teve variação positiva de 0,3%. A alta interrompe uma sequência de cinco trimestres de quedas. Além disso, o setor teve o melhor desempenho desde o primeiro trimestre de 2014, quando avançou 0,9%.

Já a queda de 0,8% no PIB de serviços no segundo trimestre ante o primeiro trimestre do ano é a sexta taxa negativa consecutiva. Na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, os serviços recuaram 3,3%, completando oito trimestres de quedas.

“A parte da indústria e investimento deu uma melhoradinha na margem, mas os serviços ainda não. Essa melhora na indústria é um pouco abafada pelos serviços, que ainda não se recuperaram”, avaliou Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE.

Segundo Rebeca, houve uma mudança de trajetória para a indústria e a Formação bruta de Capital Fixo, mas não foi o suficiente para tirar o PIB do negativo, por causa da importância do setor de serviços na economia.

“Realmente eles mudaram o comportamento, mas não ajuda tanto o PIB por causa dos Serviços, que pesam 70% da economia”, lembrou Rebeca.

Comércio e transporte

O resultado negativo do setor de serviços no segundo trimestre de 2016 ante mesmo período do ano passado foi puxado pelo desempenho do comércio atacadista e varejista (-7,4%) assim como do transporte, armazenagem e correio (-6,5%), afirmou Claudia.

Outros serviços também pesaram no resultado, com queda de 4,2%. Dentro do subsetor, as maiores influências vieram de serviços de alimentação e serviços prestados as empresas, como limpeza e vigilância.

A gerente destaca que os serviços de alimentação tiveram aumento de preço. “O IPCA para esse grupo ficou mais caro no período”, afirmou Claudia.

Agropecuária

Segundo a gerente de Contas Trimestrais, as culturas com safra no segundo trimestre foram afetadas por adversidades climáticas, principal explicação para o recuo de 3,1% da agropecuária no PIB na comparação com o mesmo trimestre do ano passado.

O IBGE alerta que a expectativa para o ano é de queda na quantidade produzida e também na produtividade para milho, arroz, algodão, feijão e a soja, carro chefe da lavoura brasileira. No caso da soja, a perspectiva é de retração de 0,9% na safra produzida, enquanto a área plantada deve crescer 3,2%. Na prática isso significa que a produção por hectare será menor.

Impostos

Os impostos sobre produtos puxaram o resultado negativo do PIB no segundo trimestre de 2016 na comparação com o mesmo período do ano passado, com retração de 6,8%, destacou Claudia.

“Houve queda do volume de IPI, ICMS e imposto de importação, que incidem sobre atividades que tiveram desempenho negativo. Entre elas, tem a indústria de transformação (queda de 5,4% no período), que é uma das que mais contribuem”, afirmou a gerente.

Já o valor adicionado do PIB caiu 3,3% como resultado dos desempenhos negativos dos setores da agropecuária, indústria e serviços no período.

Eletricidade

O segmento de Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana, parte do setor industrial, registrou uma variação de 7,9% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a maior nesse tipo de comparação desde o segundo trimestre de 2007.

Já no ramo de intermediação financeira e seguros, parte do setor de serviços, registrou sua maior queda na comparação trimestral desde o terceiro trimestre de 2003, com -3,3% de variação.

O desligamento das térmicas no segundo trimestre deste ano reduziu o custo da produção de energia e ajudou no resultado da atividade de produção e distribuição de eletricidade, gás e água, explicou Claudia Dionisio.

No segundo trimestre, a atividade cresceu 7,9% ante o mesmo trimestre do ano passado – a maior nesse tipo de comparação desde o segundo trimestre de 2007 – quando as térmicas estavam ligadas para compensar menores chuvas. O consumo residencial também favoreceu a produção de energia, uma vez que desde abril se aplica a bandeira verde à conta de luz, trazendo um afrouxamento nas contas das famílias. No mesmo período do ano passado a bandeira vermelha estava vigorando.

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