O consumo de energia elétrica recuou 0,1% em janeiro, puxado pela queda do consumo das residências, que despencou 3,9% na comparação anual. Já o consumo industrial teve alta de 0,7% e o comercial, 7,3%. No total, foram consumidos 42.487 gigawatts-hora (GWh), o segundo maior valor para o mês em toda a série histórica, desde 2004, perdendo apenas para janeiro do ano passado. O mercado livre apresentou alta de 4,2% no consumo no mês, enquanto o consumo cativo das distribuidoras de energia elétrica retraiu 2,6%.
"O consumo de eletricidade na classe comercial segue se recuperando, seu bom desempenho no mês anulou a retração registrada no consumo das residências, enquanto o consumo industrial expandiu marginalmente", explicou a EPE em nota.
Mesmo com uma pequena variação de 0,7%, o consumo de eletricidade pela indústria é o maior para o mês de janeiro desde 2014, com 14.732 GWh.
As regiões Norte (+4,5%), Centro-Oeste (+3,6%) e Sul (+2,8%) expandiram seus consumos; enquanto Nordeste (-0,8%) e Sudeste (-0,6%) apresentaram retração. Alagoas (+63,5%) se destaca com a maior taxa, ainda pelo efeito estatístico da gradativa retomada no início de 2021 da produção de cloro-soda no Estado.
Seis dos dez segmentos mais eletrointensivos da indústria elevaram o consumo, liderados por: produtos alimentícios (6,9%); e produtos químicos (6,6%), com destaque para cloro-soda em Alagoas e Bahia. Já os setores têxtil (-9,3%) e automotivo (-8,4%) registraram as maiores quedas.
A indústria automobilística, que ainda se ressente da escassez de componentes eletrônicos, sofreu também com os impactos sobre a força de trabalho dos afastamentos por covid-19 devido à variante Ômicron do coronavírus.
O consumo de energia elétrica da classe comercial foi de 8.020 GWh em janeiro, crescimento de 7,3% em relação ao mesmo mês do ano anterior.
"O setor de serviços do País continua em expansão, contribuindo para o bom desempenho da classe. O setor de tecnologia da informação, transporte e de serviços prestados às famílias, em especial alojamento, alimentação e turismo continuam puxando o aumento do consumo", explicou a EPE.
A autarquia observou ainda, que o consumo comercial teria sido ainda maior, se não houvesse a adoção de algumas medidas restritivas para conter o avanço da variante Ômicron.
Todas as regiões registraram crescimento no consumo comercial. A região Sul (+13,2%) liderou a expansão, seguida pelo Norte (+10,2%), Centro-Oeste (+8,4%), Sudeste (+5,8%) e Nordeste (+4,5%). Entre as Unidades da Federação, as maiores taxas de consumo da classe no País foram registradas no Espírito Santo (+28,9%), Amazonas (+27,5%), Minas Gerais (+22,2%) e Ceará (+20,1%). Enquanto isso, Acre (-1,7%), Rio de Janeiro (-1,0%) e Maranhão (-0,9%) foram os únicos que apontaram queda do consumo.
O consumo de eletricidade da classe residencial caiu 3,9% em janeiro comparado ao mesmo mês de 2021, atingindo 13.064 GWh. A classe apresenta a quarta queda consecutiva do consumo. "Temperaturas mais amenas e grande volume de chuvas em boa parte do Brasil refletiram em grande parte no comportamento do consumo das residências", disse a EPE.
A região Sudeste (-8,7%) foi a que teve a maior retração no mês. Seguida pela região Nordeste (-2,6%) e Centro-Oeste (-1,7%). Enquanto isso, a região Norte (+6,0%) e o Sul (+3,6%) registraram aumento. As maiores quedas ocorreram nos Estados do Rio de Janeiro (-11,6%), Amapá (-11,3%), São Paulo (-9,8%) e Bahia (-8,6%).
No Rio de Janeiro e em São Paulo, as temperaturas abaixo da média e um maior volume de chuvas no mês contribuíram para a redução do consumo.
O impacto da enchente no Sul da Bahia provocada pelas fortes chuvas de dezembro de 2021 ainda perdura, refletindo no encolhimento do consumo de energia elétrica. Já as maiores taxas de consumo foram registradas em Rondônia (+17,4%), no Amazonas (+16,3%) e Roraima (+13,8%).