A secretária Maria Lúcia Tavares, que por onze anos trabalhou no Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht – conhecido como “setor de propinas” da empreiteira – afirmou nesta sexta-feira, 3, ao juiz federal Sérgio Moro que Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, “tinha contato com o chefe, com o dr. Marcelo (Odebrecht)”.
“Ela (Mônica) tinha contato com o chefe, com o dr. Marcelo, e com o dr. Hilberto (Silva)”, relatou Maria Lúcia. “Então, ela foi lá para entregar a conta lá fora (na Suíça) eu passei para minha colega que ela fazia conta lá fora para poder entregar a encomenda aqui no Brasil.”
Marcelo Odebrecht está preso desde 19 de junho de 2015. Ele e mais 76 executivos e ex-executivos da empreiteira estão fazendo delação premiada.
A secretária disse que no setor de operações estruturadas era subordinada a Hilberto Silva e a Fernando Migliaccio.
Ela contou que Mônica – condenada nesta quinta-feira, 2, com o marido João Santana por lavagem de dinheiro a mais de oito anos de prisão – esteve duas vezes em sua sala, na sede da empreiteira, para pegar dinheiro relacionado ao codinome “Feira” – como Mônica era identificada nas planilhas de propinas.
Em audiência na Justiça Federal no Paraná, base da Operação Lava Jato, Maria Lúcia foi ouvida na ação penal que tem como réus principais o ex-ministro Antônio Palocci (Fazenda e Casa Civil), o empreiteiro Marcelo Odebrecht – ambos estão presos.
A secretária foi ouvida por vídeoconferência.
Ela foi questionada sobre as planilhas onde havia um campo intitulado “Posição Especial Programa Italiano”, que seria referência ao ex-ministro Palocci, segundo o Ministério Público Federal – a força-tarefa da Lava Jato sustenta que a Odebrecht repassou R$ 128 milhões a “Italiano”.
Palocci estava na audiência, na sala do juiz Moro. Indagada pelo criminalista José Roberto Batochio, defensor de Palocci, se ela o conhecia, Maria Lúcia foi taxativa. “Só de televisão.”
“Nunca esteve pessoalmente com ele (Palocci)?”, insistiu o advogado. “Nunca, nunca”, respondeu.