Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara dos Deputados, a ex-contadora Meire Bonfim da Silva Poza afirmou nesta quarta-feira, 13, que prestou serviços para o doleiro Alberto Youssef, preso pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato, por quatro anos – entre 2010 e 2014. Ela disse que os trabalhos foram feitos via um escritório de contabilidade da qual ela é proprietária. “Eu não era funcionária dele”, disse Meire.
A Lava Jato é uma operação que investiga um esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro que pode ter chegado a R$ 10 bilhões.
Aos membros do Conselho, que analisa um processo por quebra de decoro parlamentar contra o deputado Luiz Argôlo (SD-BA), ela alegou que prestava consultoria para Youssef na avaliação de contratos e na emissão de notas. “Conheço todas as empresas dele”, disse.
Meire, em entrevista à revista Veja, publicada no final de semana, apontou Argôlo como um dos parlamentares mais assíduos no escritório de Youssef. Disse ainda que os dois eram sócios em negócios da área de construção. À revista, Meire afirmou ainda que Youssef circulava com “malas e malas de dinheiro” em esquema de lavagem supostamente utilizado por políticos do PT, PMDB e PP. Essas malas, segundo ela, saíram da sede de pelo menos três “grandes empreiteiras, sendo embarcadas em aviões e entregues às mãos de políticos”.
Além de Argôlo, a ex-contadora citou em seu depoimento à revista os deputados André Vargas (sem partido-PR), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) como beneficiários do esquema; outro listado por Meire é o ex-deputado e atual ministro do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia Mário Negromonte (PP). Hoje, no Conselho de Ética, Meire não quis dar detalhes sobre demais políticos citados. Falou apenas sobre o envolvimento de Argôlo.