Um contrato assinado entre a América Latina Logística (ALL) e a fabricante de papel Klabin neste ano deve colaborar para que a operadora de ferrovias amplie sua atuação no segmento industrial até 2016. O acordo prevê o transporte da celulose para exportação a ser produzida pela nova fábrica de Ortigueira (Paraná), atualmente em construção e que deve entrar em operação no primeiro semestre de 2016. A celulose que será transportada vai colaborar para um crescimento de 15% nos volumes de carga do segmento industrial transportados naquele ano pelo corredor de exportação do Paraná, considerado pela ALL o corredor mais produtivo na bitola métrica.
“Para ALL é muito interessante fazer esse transporte, porque permite linearidade de expedição, significa a garantia de volume constante e regular, não depende de sazonalidade, como sofre às vezes com a safra agrícola – que tem interferência de questões climáticas e eventuais quebras de mercado -, para ferrovia é ideal”, disse o responsável da ALL pela área de projetos logísticas e novos negócios, Pedro Zanon Voss.
A companhia tem buscado crescer sua atuação no segmento industrial, em especial em produtos “intermodais”, que historicamente não eram transportados via ferrovia no Brasil, como é o caso da celulose. De janeiro a setembro, a ALL registrou um crescimento de 40,6% no volume de madeira, papel e celulose transportada, para 1,427 bilhão de toneladas transportadas por quilômetro útil (TKU), estimulada pela novata Eldorado Celulose, cliente da operadora ferroviária. No setor, além dela, a ALL também já atende a Fibria e a Klabin (bobinas de papel). Apesar do crescimento desses produtos, no consolidado, a expansão do segmento industrial é mais modesto, de 5,4%, para 8,099 bilhões de TKU, influenciada pela queda de produtos “puramente ferroviários”, como combustível.
No caso do novo contrato com a Klabin, o acordo estabelece que a ALL transportará 900 mil toneladas de celulose por ano que serão produzidas na nova fábrica e destinadas à exportação, por meio do Porto de Paranaguá (PR). A nova unidade, atualmente conhecida como Projeto Puma, num investimento de R$ 5,8 bilhões, deverá produzir 1,5 milhão de toneladas de celulose, das quais 600 mil ficarão no mercado interno e não serão transportadas pela ALL.
O contrato entre as duas empresas tem prazo de 13 anos, até o final da concessão da ALL, em 2027. Além do transporte do insumo por sua malha, a ALL também é responsável pelo desenho de toda a solução logística, que envolve a construção de ramal ferroviário na fábrica e porto, a solução de carregamento e descarregamento e o material rodante, com locomotivas desenvolvidas especialmente para o projeto. As empresas não revelam o valor do contrato ou os investimentos envolvidos.
A Klabin investirá na construção de um ramal de 25 quilômetros dedicado à movimentação de celulose, ligando a fábrica até a ferrovia em Mojinho (PR). Além disso, também está adquirindo sete locomotivas e 306 vagões, com capacidade de carregamento de 64 toneladas cada. Conforme destacou o executivo da ALL, a locomotiva, desenvolvida em parceria entre ALL e GE, elimina a necessidade de conexão com troca de máquinas.
“Essas locomotivas são os destaques do projeto. Com essas máquinas, temos capacidade de descer a serra até o porto, sem a necessidade de troca”, disse. Já os vagões, contratados da Randon, são de modelo FTE, fechado, telescópico, desenvolvidos especialmente para o transporte de celulose e adaptados às necessidades da Klabin.
Embora o investimento seja da fabricante de celulose, que também será responsável pela carga e descarga do insumo, a ALL ficará a cargo da manutenção dos ativos e a operação das vias.
Bobinas
Além do contrato de transporte da celulose, a ALL também possui contrato com a Klabin para 12 mil toneladas mensais de papel para exportação, da mesma fábrica de Ortigueira, até Paranaguá. Neste caso, o transporte é feito por meio de um ramal existente, em Harmonia, e depois se liga à malha da ALL na chamada na Central do Paraná, em Ponta Grossa.
Zanon comentou que a companhia ainda negocia a possibilidade de modificar o atendimento para as bobinas. “Faz mais sentido (passar a atender pelo novo ramal), mas não tem nada contratado”, disse, sinalizando que seria necessário fazer um aditivo. “Vamos estudar a melhor forma, mas (o novo ramal) tem a capacidade para isso”, comentou.
A Klabin não quis comentar sobre o contrato.