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Contratos de patrocínio das federações estaduais estão na mira da CPI do Futebol

A CPI do Futebol está investigando todos os contratos de patrocínio da Chevrolet com as federações estaduais. Os acordos vigoraram entre 2013 e 2014, período em que o atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, era vice-presidente da entidade. Os documentos obtidos com exclusividade pela reportagem estão sendo analisados pela CPI, interessada em saber se Del Nero se beneficiou destes contratos.

Isso porque o primeiro contrato da Chevrolet ocorreu com a Federação Paulista de Futebol (FPF) na época em que Del Nero era seu presidente e quando o dirigente passou a ocupar a vice-presidência da CBF, a montadora passou a patrocinar federações estaduais por todo o País. Entre 2013 e 2014, 22 federações tiveram contrato com a empresa.

Mas, neste ano, quando Del Nero assumiu a presidência da CBF – venceu as eleições em 2014 -, a Chevrolet passou a patrocinar apenas na entidade nacional, que rompeu anos de parceria com a Volkswagen. Um dos contratos com uma federação estadual, obtido pela reportagem, revela o compromisso da montadora de pagar R$ 320 mil em patrocínios para 2013 e outros R$ 320 mil para 2014, em um total de R$ 640 mil em dois anos.

O que chama a atenção dos investigadores da CPI é o valor de R$ 40 mil que seria destinado para “ativações e ações promocionais”. No contrato, a empresa confirma que o patrocínio é de R$ 600 mil. Mas, em uma carta-acordo de intermediação de patrocínio, outros R$ 40 mil são adicionados. O documento aponta que o valor deve ser passado para a SG Marketing e Comunicação Ltda., representada por Sergio Luis de Sousa Gomes. O montante coincide com o valor final indicado no contrato principal de patrocínio, elevando o total para R$ 640 mil.

Pela carta, a empresa de veículos explica que o pagamento de R$ 40 mil ocorre “por razões operacionais internas” e ordena que a federação estadual repasse o dinheiro da “seguinte forma”: direito de intermediação comercial e ativação do patrocínio. E indica que a SG Marketing é a detentora exclusiva desses direitos.

Na avaliação da CPI, os valores citados abrem a suspeita de que a inédita cobertura de uma mesma marca em tantas federações pode ter beneficiado Del Nero na eleição para presidente da CBF. Ele obteve 44 dos 47 votos possíveis (votaram as 27 federações, mais os 20 clubes da Série A do Brasileiro). Seu mandato termina em 2019.

Na CPI, dados levantados pelo Senado também apontariam para uma importante evolução patrimonial de Sérgio Gomes desde que passou a ser o intermediário desses acordos.

REQUERIMENTO – Em 17 de setembro, o senador Paulo Bauer (PSDB-SC) apresentou requerimento para que a General Motors do Brasil, detentora da marca Chevrolet, enviasse à CPI cópias dos contratos firmados com as federações. Alegou ser a documentação indispensável no trabalho da comissão destinado a “investigar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Organizador Local da Copa do Mundo (COL), especialmente sobre as possíveis irregularidades em contratos comerciais realizados por esses organismos”. O requerimento, porém, ainda não foi apreciado.

Questionada pela reportagem sobre as desconfianças da CPI e sobre o que levou a empresa a estabelecer contratos com as federações e por que não os manteve em 2015, a General Motors respondeu que “de acordo com as políticas internas da GM, a empresa não comenta fatos ou situações relacionadas com investigações em curso”.

A entidade presidida por Del Nero também foi questionada nesta quarta-feira. “A CBF não irá se manifestar”, foi a resposta. (colaboraram Almir Leite, de São Paulo, e Márcio Dolzan, do Rio)

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