Não bastassem as ideias que vêm sendo difundidas desde a primeira gestão do governo Lula, para implantar no Brasil o controle social da mídia, que seria – apesar de representantes do governo federal garantirem que não – a volta da censura ao país, agora o partido que comanda o Brasil há quase nove anos prepara uma ofensiva, com a participação de sua militância, para estabelecer uma espécie de “patrulha virtual” no país. O objetivo é treinar militantes para fazer propaganda e criticar a mídia em sites de notícias e redes sociais como Twitter e Facebook, segundo informou o jornal Folha de S.Paulo, desta terça-feira.
Cada partido tem o direito democrático de utilizar as práticas que julgar mais corretas de lidar com sua militância. Porém, é complicado – em um regime democrático – conceber que esteja em curso uma ofensiva contra a liberadade de expressão. Segundo o jornal paulistano, o PT deverá promover cursos e editar um “manual do tuiteiro petista”, com táticas para a guerrilha na internet. A ideia é recrutar a tropa a tempo de atuar nas eleições municipais de 2012.
Segundo o petista Adolfo Pinheiro, encarregado de apresentar um plano de ação ao presidente da legenda, Rui Falcão, os filiados serão treinados para repetir palavras de ordem e usar janelas de comentários de blogs e portais noticiosos para contestar notícias “negativas” contra o PT. Ou seja, haverá uma avalanche de comentários sempre que se noticiar algo que vá contra os interesses da agremiação política. Aliás, isso já acontece de forma esporádica e faz parte do jogo democrático. Até aí, nada de mal. O problema é a falta de critérios e o descontrole que isso pode gerar, detonando uma verdadeira caça às bruxas aos profissionais da mídia e aos veículos de comunicação que se posicionarem de forma independente ou que não estejam aliados ao poder.
Em vez de estabelecer mais uma patrulha ideológica no país, seria melhor mudar os rumos que as administrações vêm tomando. Afinal, os escândalos noticiados pela imprensa não são inventados. Apenas repercutem casos patrocinados por quem detém o poder. Não fosse o importante papel exercido pela mídia, a presidente Dilma Roussef não teria aceitado ou demitido qualquer um de seus ministros até aqui. Afinal, se houvesse tanta convicção da inocência de qualquer um deles, por que eles deixaram os cargos?