A convenção nacional dos democratas começa nesta segunda-feira na Filadélfia com protestos nas ruas de eleitores do próprio partido após o vazamento de e-mails em que alguns dirigentes orquestraram ações para minar a candidatura do senador Bernie Sanders, que discursa no evento na noite de hoje. O encontro, que deve nomear a ex-secretária de Estado dos EUA Hillary Clinton como candidata oficial do partido para a Casa Branca, começa às 17h pelo horário de Brasília e deve ter nesta segunda a presença da primeira dama do país, Michelle Obama.
O vazamento dos e-mails no final de semana mostrando manobras da cúpula do partido para minar a candidatura de Sanders fará a reunião começar com uma “série de discórdias”, afirma o The New York Times em sua manchete nesta segunda-feira. O WikiLeaks divulgou quase 20 mil mensagens no final de semana e levou à renúncia ontem da presidente do Comitê Nacional Democrático, Debbie Wasserman Schultz. “No tumulto deste fim de semana, as revelações (dos e-mails) foram altas, mas o silêncio de muitos membros do partido foi ensurdecedor”, afirma o analista político do Brookings Institution, John Hudak, em um relatório.
Os protestos de eleitores de Sanders começaram ontem na Filadélfia e seguem nesta segunda-feira. Embora algumas manifestações já tenham sido programadas há várias semanas, o vazamento dos e-mails agravou o descontentamento com a candidatura de Hillary entre os manifestantes e aumentou o total de participantes. A imprensa fala que o número de pessoas nas ruas na Filadélfia supera com folga os protestos na semana passada na convenção do partido Republicano. Faixas e cartazes pedem que os eleitores não votem em Hillary.
Em meio aos ruídos causado pelo vazamento, com membros do partido democrata acusando a Rússia de ter liberado os e-mails com o objetivo de ajudar a candidatura do republicano Donald Trump, o discurso de Sanders hoje à noite deve ganhar ainda mais atenção. Hoje, o FBI, a polícia federal dos EUA, afirmou que está investigando o vazamento. Para piorar o mal-estar no partido, uma pesquisa da CNN divulgada nesta segunda-feira mostra Trump cinco pontos à frente de Hillary, o primeiro levantamento a registrar a liderança do bilionário republicado.
A convenção democrata termina na quinta-feira e deve reunir 50 mil pessoas nos quatro dias. O encontro terá até lá a participação de dois ex-presidentes dos EUA: Bill Clinton, o marido de Hillary, nesta terça-feira, e Barack Obama, na quarta. No final do evento, a ex-secretária de Estado fará o discurso de encerramento, aceitando sua nomeação e destacando pontos de seu plano de governo para os EUA.
O ex-prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, deve anunciar oficialmente na quarta-feira em um discurso seu apoio à candidatura de Hillary. Ontem, a imprensa dos EUA já noticiou que Bloomberg iria apoiar a democrata, mostrando descontentamento com Trump. O ex-prefeito chegou ao comando de Nova York pelo partido republicano e este ano chegou a considerar sua própria candidatura para as eleições presidenciais nos EUA, como independente, mas desistiu em seguida. Na convenção, segundo sua assessoria, Bloomberg fará uma explicação de porque acha Hillary uma opção “muito melhor” que Trump.