Convocada para defender o Brasil nos Jogos Olímpicos do Rio, a esgrimista húngara Emesse Tacáks não é mais cidadã brasileira. Ela teve sua naturalização revogada em segunda instância pela quarta turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, localizado em Porto Alegre (RS). A atleta já estava momentaneamente desconvocada pela Confederação Brasileira de Esgrima (CBE).
O imbróglio começou em maio, quando a desembargadora Anna Karina Stipp, da 5ª Vara Federal de Curitiba (PR) concedeu liminar cassando a naturalização, indicando que havia “forte indício” de que Takács não tinha residência fixa no País.
No começo de junho, ao mesmo tempo que a CBE anunciava a convocação de Amanda Simeão para o lugar de Emesse, a União, também ré no processo, conseguia que a revogação da liminar. Isso fez com que, durante o último mês, a naturalização da atleta húngara seguisse valendo.
Agora, com a suspensão da naturalização concedida a Emesse, Amanda Simeão volta a fazer parte da equipe de espada do Brasil no Rio-2016. Foi exatamente o técnico dela, Giocondo Cabral, quem contestou judicialmente a situação da húngara.
Além de Amanda, a equipe de espada será composta por Rayssa Costa e Nathalie Moellhausen, atleta que foi campeã mundial pela Itália e defende o Brasil desde 2013. Ela, entretanto, é neta de brasileiros, fala português fluente e “vestiu a camisa” da equipe do Brasil. Takács não é vista pelas companheiras como uma atleta brasileira, diferente do caso de Moellhausen e de Katherine Miller, norte-americana filha de brasileiro que fica como reserva da equipe.
ENTENDA – Quando suspendeu a naturalização de Takács, a desembargadora admitiu que há “forte indício” de que a húngara não tem residência fixa no País, requisito obrigatório para a concessão da naturalização. Relatório da Polícia Federal indicou que, nos nove meses anteriores ao seu pedido de naturalização, a esgrimista permaneceu no Brasil por apenas 35 dias.
Cabral juntou no processo diversas fotos de Takács em Budapeste, na Hungria, ao lado de um húngaro chamado Attila Szabó, a partir de 12 de junho de 2012. Em uma das fotos, publicada em uma rede social, eles comemoram “dois anos juntos”. Ela, entretanto, conseguiu a naturalização ao comprovar união civil com um brasileiro, Rafael Barreto, em maio de 2013, de quem ela diz ser financeiramente dependente.
Takács recebeu visto de permanência no Brasil em 15 de agosto de 2013. Até ingressar com pedido de naturalização, nove meses depois, ficou meros 35 dias no País. Desde sua primeira entrada no Brasil, em 5 de maio de 2011, ela somava 144 dias de permanência em território brasileiro.
Em 2014, a reportagem da Agência Estado tentou contato com ela no Torneio Nacional Cidade de São Paulo, sem sucesso. As rivais alegaram que não sabiam nada sobre Emese, apenas que ela era húngara, casada com um brasileiro, e estava competindo por hobby – sua última competição oficial pela Hungria fora em 2011.