A Copa América é uma competição importante para a seleção brasileira tem a carga extra de representar o primeiro torneio oficial após o vexame da Copa do Brasil, mas, tem, sim, espaço para testes. Aquela história de que o torneio no Chile não serviria de laboratório, como o técnico Dunga havia dito meses atrás ao garantir que não haveria surpresas na lista dos convocados para o torneio, faz parte do passado. A mudança de rota foi admitida nesta segunda-feira pelo coordenador Gilmar Rinaldi, ao justificar a convocação do lateral-esquerdo Geferson para a seleção.
“O foco também tem de ser nas experiências. Não podemos pensar só no momento, temos de olhar para o futuro”, disse Gilmar, em entrevista na Granja Comary, em Teresópolis. Além de Geferson, de 21 anos, vale lembrar que dois outros jogadores com idade olímpica, os meias Fred, do Shakhtar Donetsk, e Felipe Anderson, da Lazio, foram chamados por Dunga, embora estes apenas para o período de treinos em território brasileiro, período em que serão disputados dois amistosos.
É importante ressaltar que Dunga, quando disse que a Copa América não era lugar para testes, era “apenas” o treinador da seleção principal. Mas, com a demissão de Alexandre Gallo, ele assumiu também a equipe olímpica que tentará o ouro inédito no Rio, em 2016. Certamente, isso pesou na mudança de filosofia.
Gilmar contou que Geferson entrou nos planos de Dunga por seu desempenho na partida do Internacional contra o Santa Fé, da Colômbia, pela Copa Libertadores, que o treinador assistiu no Beira-Rio. “Casualmente, na semana passada, assistindo ao jogo do Internacional na Libertadores, ele (Geferson) teve um comportamento que agradou ao Dunga. Isso deve servir de estímulo para todos os jogadores. Alguém que chame a atenção pela parte positiva pode ser chamado.”
O coordenador lembrou que a seleção teve convocados inicialmente dois outros jogadores jovens – o lateral-direito Fabinho, do Mônaco, e o zagueiro Marquinhos, do PSG – e que, no grupo atual, considerando-se os três jogadores acima de 23 anos que poderão participar dos Jogos do Rio, já se poderá ter quase uma base olímpica.
Gilmar não quis comparar a situação atual de Dunga com a de 2008, quando o técnico dirigiu a seleção olímpica em Pequim e dois anos depois levou pouquíssimos jogadores daquele grupo para a Copa do Mundo de 2010, mostra que a “intregração” não funcionou naquela ocasião. “Eu não estava na seleção naquela ocasião. Mas posso dizer que hoje estamos atuando com a ideia do treinador de preparar jogadores e buscar neles o perfil que queremos para enfrentar o desafio olímpico.”