Com elevada expectativa pelo primeiro corte da taxa Selic, hoje em 13,75% ao ano, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central começou às 10h08 desta terça-feira. A Selic está estacionada no nível atual há um ano. A última queda dos juros também ocorreu em agosto, em 2020, quando a taxa caiu para 2,0%, a mínima histórica, no contexto da pandemia de covid-19.
A sessão iniciada nesta terça é de análise de conjuntura, primeira parte da reunião em que o Copom revisita temas importantes para a tomada de decisão da taxa Selic. A discussão sobre a conjuntura se estende pela tarde de hoje e a manhã desta quarta-feira (2). Amanhã à tarde, ocorre a segunda parte do encontro, quando o colegiado define o nível da Selic, que é anunciado a partir de 18h30.
É unânime no mercado financeiro a aposta em corte dos juros nesta reunião, mas há bastante dúvida sobre o ritmo de queda e os economistas avaliam que há razões para justificar tanto uma baixa de 0,25 ponto porcentual quanto de 0,50 ponto. Conforme pesquisa do Projeções Broadcast, 62 de 88 instituições financeiras consultadas (70%) acreditam que a primeira redução será de 0,25 ponto, para 13,50%. Já 26 casas projetam recuo de 0,50 ponto, para 13,25% ao ano.
O mercado migrou em peso na aposta de primeiro corte dos juros básicos após a ata do Copom de junho. No documento, o BC informou que a maioria dos 8 membros que participaram da reunião já enxergava condições para iniciar um processo "parcimonioso" de flexibilização em agosto, em caso de continuidade da desinflação, com impacto sobre expectativas inflacionárias – o que se concretizou, inclusive, com leituras melhores de preços de serviços e núcleos de inflação no último número do IPCA-15 (-0,07%).
Dessa forma, uma queda maior, de 0,50pp, como quer o governo, entrou no radar junto com o corte de 0,25pp – considerado "parcimonioso". Na curva de juros, a precificação já aponta para mais de 70% de chance de recuo para 13,25% esta semana. Mas os mais cautelosos apontam que ainda não há clareza sobre a sustentabilidade do alívio no IPCA de serviços e nos núcleos e que as expectativas de inflação, embora menores, estão ainda desancoradas. Há ainda preocupação com o processo ainda em curso de alta de juros nos EUA e na Europa.
No Boletim Focus, a mediana para 2023 passou de 5,12% no último Copom para 4,84%, 0,09 ponto acima do teto da meta (4,75%). Para 2024, o alívio foi menor, de 4,00% para 3,89%, contra o alvo central de 3,00%. Já para 2025, a estimativa cedeu bastante desde que o Conselho Monetário Nacional (CMN) decidiu manter a meta em 3,00%, mas estacionou em 3,50%. Em junho, as projeções do Copom eram de 3,4% em 2024, que deve ser o foco prioritário nesta reunião, e 3,1% para 2025, que deve entrar no horizonte relevante com peso menor.