O dólar engatou mais um dia de queda e fechou no menor nível desde maio de 2015 no mercado à vista nesta quinta-feira, 23. Além de uma fragilidade global da moeda norte-americana, após a divulgação da ata do Federal Reserve na tarde de ontem, internamente os investidores seguem otimistas com as expectativas para a economia brasileira. O corte na Selic promovido na véspera pelo Copom e a possibilidade de mais afrouxamento colaboram para esse bom humor.
O dólar à vista no balcão fechou em queda de 0,55%, a R$ 3,0531, na mínima do dia e o menor valor desde 21 de maio de 2015 (R$ 3,0387). O giro registrado na clearing de câmbio da BM&FBovespa foi de US$ 2,024 bilhões. No mercado futuro, o dólar para março fechou em baixa de 0,18%, a R$ 3,0630. O volume financeiro somou US$ 15,6 bilhões. No fim da tarde, o dólar recuava ante a maioria das moedas emergentes e de países exportadores de commodities, como o peso mexicano (-0,88%), o rand sul-africano (-0,72%) e o dólar canadense (-0,34%).
“Resumidamente, o dólar hoje acompanhou a queda do risco país”, comenta o economista da Guide Investimentos Ignacio Crespo. No fim da tarde, o spread do swap de default de crédito (CDS) de 5 anos do Brasil estava em 219 pontos, com retração de 2,13% ante o dia anterior, aponta ele.
O gerente da mesa de operações na Advanced Corretora, Douglas Dantas, concorda com essa avaliação e diz que o bom humor com o Brasil se deve em grande parte à decisão do Copom na noite de ontem. “Isso impulsiona o otimismo, gera expectativa de aumento de investimentos e, assim, pressiona o dólar para baixo”, explica. “A percepção é que as coisas estão se encaminhando, o BC está alinhado com a Fazenda”, acrescenta Crespo.
Ontem, o Banco Central seguiu o que era previsto pelo mercado e cortou a taxa Selic em 0,75 ponto porcentual. A decisão foi unânime e a autoridade disse que “uma possível intensificação do ritmo de flexibilização monetária dependerá da estimativa da extensão do ciclo, mas, também, da evolução da atividade econômica, dos demais fatores de risco e das projeções e expectativas de inflação”.
No exterior, os mercados ainda digerem a ata do Fed de ontem. Apesar da mensagem principal de que “muitos” membros do Fomc consideram que pode ser apropriado elevar os juros de novo em breve, com “alguns” citando a próxima reunião, o comitê também apontou que “a maioria” dos integrantes vê “elevada incerteza em relação ao tamanho, composição e prazo de possíveis mudanças na política fiscal” do governo Donald Trump.