Estadão

Copom eleva Selic para 12,75%, maior patamar em mais de 5 anos

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a Selic (a taxa básica de juros) de 11,75% para 12,75% ao ano e sacramentou o mais longo ciclo de aperto monetário ininterrupto da história do comitê, após 10 aumentos seguidos.

Com o aumento a 12,75%, a Selic alcançou o maior patamar desde fevereiro de 2017 (13%), para tentar debelar um processo inflacionário que não para de surpreender. O choque de juros neste ciclo, iniciado em março de 2021, já é o mais forte desde 1999, quando o BC elevou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só.

O aumento do juro básico da economia reflete em taxas bancárias mais elevadas, embora haja uma defasagem entre a decisão do BC e o encarecimento do crédito (entre seis meses e nove meses). A elevação da taxa de juros também influencia negativamente o consumo da população e os investimentos produtivos.

A decisão desta quarta-feira, 4, era esperada pelo mercado financeiro, após o BC sinalizar no Copom de março vontade de repetir a dose de um ponto porcentual no encontro seguinte. Todas as 54 instituições financeiras consultadas pelo <i>Projeções Broadcast</i> previam alta da Selic de um ponto porcentual, para 12,75% ao ano.

A alta de juros ocorre no mesmo dia em que o Federal Reserve, o banco central americano, também decidiu elevar a taxa básica do país em 0,5 ponto porcentual, para uma faixa entre 0,75% a 1% ao ano. Foi o maior aumento de juros feitos nos EUA desde o ano 2000. Apesar de baixa em comparação com a Selic, a taxa americana tende a subir este ano, uma vez que o Fed ainda está no início do ciclo de aperto monetário.

Os EUA, assim como o Brasil, enfrentam uma inflação elevada e o BC americano busca frear a alta de preços elevando os juros. É uma forma de esfriar a demanda na economia, uma vez que a alta de juros torna o crédito mais caros. Com taxas mais elevadas, consumidores tendem a consumir menos e as empresas podem postergar investimentos.

<b>Maior juro real do mundo</b>

Com o novo aumento da Selic, o Brasil voltou a ter a maior taxa de juro real (descontada a inflação) do mundo, em uma lista com 40 economias. Cálculos do site MoneYou e da Infinity Asset Management indicam que o juro real brasileiro está agora em 6,69% ao ano.

Em segundo lugar na lista que considera economias mais relevantes, aparece a Colômbia (3,86%), seguida de México (3,59%). A média dos 40 países avaliados é de -1,73%.

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