O ditador norte-coreano, Kim Jong-un, se juntou às tropas em treinamento e dirigiu um novo modelo de tanque, relataram mídias estatais da Coreia do Norte na quinta-feira, 14, enquanto seus rivais Coreia do Sul e Estados Unidos concluíam seus exercícios militares anuais.
É a terceira vez que Kim foi visto observando exercícios militares desde o início dos exercícios de 11 dias entre Coreia do Sul e EUA, que ele vê como ensaios para uma invasão. Esta é uma opção menos provocativa do que testes de mísseis. A Coreia do Norte intensificou os lançamentos desde 2022 e aumentou a retórica beligerante este ano.
Nos exercícios de tanques na quarta-feira, 13, Kim elogiou o tanque mais recente do país como "o mais poderoso do mundo" e ordenou que suas tropas aumentassem seus "espíritos de luta" e completassem "preparações para a guerra", segundo a Agência de Notícias Central da Coreia do Norte.
Os outros dois exercícios que ele inspecionou recentemente foram dedicados a exercícios de artilharia e manobras. O tanque foi apresentado pela primeira vez em um desfile militar em 2020, e seu uso durante o exercício de quarta-feira indica que está pronto para ser implantado, dizem especialistas sul-coreanos.
Fotos do tanque divulgadas pela Coreia do Norte mostram que ele tem um tubo de lançamento para mísseis, um sistema de armas que a antiga União Soviética já operava na década de 1970. O novo tanque pode representar uma ameaça para a Coreia do Sul, disse Yang Uk, analista do Instituto Asan de Estudos de Política, mas ainda não está claro se pode ser produzido em massa.
O Ministério da Defesa do Norte ameaçou na semana passada "atividades militares responsáveis" em reação ao treinamento militar entre Coreia do Sul e EUA, que envolveu um treinamento de postos de comando simulados por computador e 48 tipos de exercícios de campo, o dobro do número realizado na primavera passada.
<b>Exercícios de treinamento</b>
EUA e Coreia do Sul têm ampliado seus exercícios de treinamento em uma resposta de "toma lá, dá cá" aos testes de armas da Coreia do Norte. As preocupações com os preparativos militares da Coreia do Norte se aprofundaram desde que Kim prometeu em um discurso em janeiro reescrever a constituição para eliminar o objetivo de longa data do país de buscar a unificação pacífica da Península Coreana e cimentar a Coreia do Sul como seu "inimigo principal invariável".
Ele disse que a nova constituição deve especificar que a Coreia do Norte anexaria e subjugaria o Sul se outra guerra estourasse. As ações de Kim sinalizam "uma mudança fundamental na política da Coreia do Norte em relação à Coreia do Sul, além do mero discurso", disse um alto funcionário presidencial sul-coreano a um pequeno grupo de repórteres na segunda-feira.
Ele pediu anonimato, citando a delicadeza da questão. Observadores dizem que Kim provavelmente quer usar seu arsenal de armas aprimorado para obter concessões dos EUA, como um amplo alívio das sanções internacionais contra a Coreia do Norte. Eles dizem que é esperado que a Coreia do Norte estenda suas atividades de teste e intensifique a retórica belicosa este ano, já que a Coreia do Sul realiza eleições parlamentares em abril e os EUA uma eleição presidencial em novembro.
"O treinamento entre Coreia do Sul e EUA acabou, mas o do Norte ainda não", disse Yang. "Eles não vão apenas ficar parados… eles têm falado sobre guerra".