A crise do Corinthians já no primeiro mês do ano não tem apenas uma explicação. São alguns fatores que fazem o time emperrar na temporada, provocar a ira do seu torcedor e também a desconfiança de muitos corintianos. A situação é ruim em quase todos os setores, do elenco à estrutura, passando pela qualidade técnica dos jogadores e das finanças, além, é claro, do desempenho no Campeonato Paulista.
Entretanto, não há apenas pesos para o Corinthians neste começo do ano. Vencer a Copa São Paulo de Juniores e mostrar ao técnico Mano Menezes uma safra promissora é um dos pontos positivos do ano. Ter patrocinadores interessados em estampar suas marcas na camisa da equipe, como uma empresa de bets, é outro. Mas o torcedor está mesmo indignado com o rendimento do time no Paulistão. O Corinthians amargou, no fim de semana, a quarta derrota seguida e ocupa posição de rebaixamento para a A2 do Campeonato Paulista.
A sequência negativa causou muitos protestos da torcida, que pediram até a saída de Mano. Mas a diretoria não dá sinais de que pretende fazer uma troca na comissão técnica. “O Mano tem contrato até 2025. O que tem de fazer é trabalhar, ver o que está acontecendo, trabalhar mais ainda para sair dessa situação”, comentou o presidente Augusto Melo, depois do jogo de domingo, quando o time perdeu em casa para o Novorizontino por 3 a 1. Dias antes, ele já havia cravado uma aposta sobre o Corinthians avançar de fase no Paulistão: “Ninguém segura a gente”, disse em vídeo.
1. GESTÃO DO PRESIDENTE AUGUSTO MELO
O presidente do Corinthians está no cargo há apenas um mês, depois de 16 anos de um mesmo grupo na gestão do clube. Chegou, como ele mesmo disse, para acabar com a “farra” no clube. Mas não tem tomado boas decisões. Pode não ter prometido a contratação de Gabigol, por exemplo, mas a mencionou como “um sonho”, o que gerou expectativas.
2. FINANÇAS
Não tem dinheiro deixado no cofre pela gestão anterior nem para pagar a dívida de quase R$ 1 bilhão do clube. Então, é preciso rever todos os patrocinadores e receitas do ano para ter uma estimativa. Feito isso, Melo correu atrás de novos parceiros, alguns acertados antes de ser eleito, como o novo patrocinador máster da camisa, a Vai de Bet, cuja receita prometida é de R$ 120 milhões por ano. É maior do que todos os clubes brasileiros. Para isso, teve de romper o contrato anterior. Há multa. O clube não pode arcar com os R$ 40 milhões da rescisão.
3. REFORÇOS
O time está bagunçado e Mano Menezes já disse que o elenco perdeu mais jogadores do que ganhou. Nas quatro derrotas seguidas, porém, pouco se viu em mudanças. Mano não consegue dar jeito na equipe, que vai mal no Paulistão. Depende de reforços, mas não há craque que resolva com o time no estado que está.
4. VESTIÁRIO
Depois que Mano chamou Yuri Alberto der “burro”, o time não vem fazendo boas apresentações. Nos gols do Novorizontino no domingo, derrota de 3 a 1, os atletas olharam os rivais marcar, sem qualquer resistência. A torcida cobrou, nas redes sociais, principalmente o lateral Fagner e o goleiro Cássio. Se Mano não conseguir a confiança dos atletas, não há progresso.
5. ELENCO
Cássio e os outros líderes do Corinthians têm a capacidade de assumir o time e corrigir erros. Falta disposição de unir esse esforço ao da comissão técnica. O elenco está se acostumando a aceitar as derrotas e a dar explicações de “lances capitais” para os reveses, mas não cria a ponto de merecer vitórias.
6. BASE DA COPINHA
Mano começou a testar os garotos que foram campeões da Copinha. Vai ter de adiantar o crescimento desses meninos no profissional. O treinador tem de ter mais coragem e encontrar soluções na defesa e no meio-campo, o setor mais vulnerável do time. No campo, os meias precisam se aproximar dos atacantes. Não serão os meninos recém-promovidos ao profissional que irão resolver o time. Eles, porém, pode ser alternativas para mudanças.
O Corinthians tem clássico pela frente. Na quarta-feira, o time vai à Vila Belmiro medir forças com o Santos, às 19h30.