O Corinthians já faz as contas para dar início, em julho do ano que vem, ao pagamento da primeira parcela relativa à construção do seu novo estádio, erguido em Itaquera (zona leste de São Paulo) e palco de 18 partidas disputadas pelo time alvinegro desde maio passado. A dívida do clube com bancos é de R$ 750 milhões. O montante, segundo o clube alvinegro, será pago em 144 parcelas mensais, em um total de 12 anos. “Ao contrário do que vem sendo divulgado, quitaremos a dívida a cada mês”, disse Raul Correa da Silva, diretor de finanças corintiano.
Após os primeiros jogos e alguns eventos no local, o valor arrecadado no primeiro ano gira em torno de R$ 25 milhões e R$ 30 milhões. O valor é destinado ao Fundo Arena, que é formado pelo Corinthians, pela construtora Odebrecht e pela Caixa Econômica Federal. A maior parte desse total é oriundo do lucro líquido alcançado com as 18 primeiras partidas, de pouco mais de R$ 23 milhões.
No planejamento do próximo ano, o grande trunfo do clube será mesmo a bilheteria. A estimativa de Lúcio Blanco, gerente de operações da arena, é que o Corinthians dispute até 35 partidas no local durante a temporada de 2015. O lucro líquido pode chegar a R$ 56 milhões, com média de R$ 1,6 milhão por confronto. Em 2014, a proporção foi menor: R$ 1,28 milhão – o último jogo, contra o Criciúma, o valor chegou a R$ 1,76 milhão.
Para conseguir cumprir o contrato e pagar as parcelas mensais, o Corinthians pretende otimizar gastos e entender, depois do primeiro ano de uso, o processo de operação do estádio. De acordo com Lúcio Blanco, o clube pretende enxugar os gastos variáveis de cada partida. “Ainda estamos nos adaptando, passamos pelo período de aprendizado”, admitiu.
Em 2014, o clube conseguiu “salvar” apenas 63% da renda bruta, que chegou a R$ 36,5 milhões. A fatia é menor em relação à registrada nos tempos de Pacaembu. Na última partida no estádio, diante do Flamengo, o Corinthians ficou com 69% do total arredado com a bilheteria (lucro líquido de 1,06 milhão). O objetivo é igualar essa proporção. Estima-se que a renda nos próximos 35 jogos na arena atinja R$ 80 milhões.
No Pacaembu, por exemplo, o número de pessoas envolvidas na operação do estádio chegava a 400, metade do efetivo utilizado na arena. No Itaquerão, a quantidade de setores abertos influi na conta. “A cada portão aberto, esse número aumenta. O custo fixo na arena é maior”, explicou Blanco.
Na arena, o clube ainda precisa pagar pelos telões, que são alugados. O fato influiu diretamente no lucro líquido dos primeiros jogos no local. A ideia é comprar os equipamentos e reduzir as despesas. A manutenção também é mais cara em Itaquera: o valor chega a R$ 2,5 milhões por mês, contra menos de R$ 1 milhão no Pacaembu.
OBJETIVO – O valor arrecadado com a venda dos 2,5 mil camarotes também é parte importante do planejamento. O clube espera, além disso, conseguir outras receitas pontuais como eventos corporativos e visitas ao local. “Há ainda o serviço de alimentação, assim como o estacionamento”, lembrou Blanco.
O clube mantém negociações em relação ao “naming rights”. O fechamento do negócio deve trazer alívio à matemática da arena. A pedida inicial é de R$ 400 milhões por 20 anos. O Corinthians, entretanto, admite fechar por um valor menor.