Um dia depois de o CNJ (Conselho Nacional de Justiça) abrir uma reclamação disciplinar sobre a conduta da juíza Ludmila Lins Grilo, ela usou as suas redes sociais para divulgar uma imagem do ministro Luis Felipe Salomão, junto com a informação de que em 2008 ele foi indicado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) pelo atual candidato à presidência da República Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, que cumpria seu segundo mandato na época.
Salomão assumiu uma cadeira junto ao CNJ em agosto deste ano. O despacho que determina a abertura da reclamação contra Ludmila afirma que há indícios de que ela tenha violado dispositivos da Lei Orgânica da Magistratura e do Código de Ética da categoria, ao se manifestar nas redes sociais de "forma explícita acerca de processos judiciais em curso – inclusive mediante juízos depreciativos -, postura essa que pode ter violado deveres funcionais inerentes à magistratura".
Embora a magistrada não tenha sido formalmente citada para se defender, ela usou as redes sociais para comentar o caso. As hashtags (símbolo usado nas redes sociais para agrupar publicações sobre um mesmo assunto) #SomosTodosLudmila e #SomosTodosDraLudmila estiveram ranqueadas entre os assuntos mais comentados do Twitter nesta quarta-feira (21).
Até a publicação desta matéria, o tweet com a foto do ministro Salomão estava com 38,7mil curtidas, 2.588 comentários e 11,5mil compartilhamentos. Usuários da rede social comentam a publicação chamando o ministro de "perseguidor profissional" e dizendo que as instâncias superiores se tornaram "escritórios de advocacia da esquerda".
Um dos objetos de investigação do CNJ é a possível proximidade da juíza com Allan dos Santos, blogueiro bolsonarista que comandava o canal "Terça Livre", retirado do ar por determinação judicial. Em outubro de 2021, Ludmila teria usado suas redes para divulgar a nova plataforma do influenciador, a quem ela se referiu nesta quarta como seu amigo, reforçando a admiração intelectual pelo trabalho de Santos.
O blogueiro hoje se encontra foragido nos Estados Unidos e possui um pedido de prisão em aberto contra si.
Outra reação da magistrada foi publicar um dispositivo da legislação soviética, afirmando que a criminalização institucional da oposição política seria uma prática de regimes comunistas que estaria se repetindo neste momento.
Ludmila terá 15 dias para se defender na reclamação disciplinar. O prazo começará a correr a partir do dia em que ela receber o documento da citação.
<b>COM A PALAVRA, LUDMILA LINS GRILO</b>
A reportagem tenta contado com a juíza Ludmila Lins Grilo em busca de uma posição da magistrada sobre o ocorrido. A palavra está aberta.
<b>COM A PALAVRA, O CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA</b>
A reportagem também entrou em contato com o Conselho Nacional de Justiça solicitando uma manifestação a respeito do tweet no qual o ministro Salomão é mencionado. Em resposta, a assessoria de imprensa do órgão afirmou que ele não irá comentar o caso.