Att. Srs Assinantes,
Na nota publicada anteriormente, o nome da operadora da B.Side Investimentos Viviane Vieira foi grafado incorretamente. Segue a íntegra da nota, com o nome corrigido:
Em dia de forte deterioração dos ativos domésticos, o dólar fechou em alta firme, na casa de R$ 5,20, com os efeitos da aversão ao risco no exterior sendo potencializados por temores de piora do quadro fiscal, em meio a atritos entre o ministro da Economia, Paulo Guedes, e a ala política em torno do Bolsa Família – além da perspectiva de antecipação do calendário eleitoral, com o novo ataque do presidente Jair Bolsonaro contra a Justiça Eleitoral.
Já em rota ascendente desde as primeiras horas dos negócios, marcada pela disputa pela formação da Ptax de julho, o dólar ganhou ainda mais força ao longo da tarde e chegou a tocar na casa de R$ 5,21 no bojo de um movimento de queda acentuada da Bolsa e alta expressiva dos juros futuros.
Com variação de cerca de 13 centavos entre a mínima R$ 5,20785 (logo na abertura) e a máxima de R$ 5,2139, já na reta final do pregão, o dólar à vista fechou a R$ 5,2099, em alta de 2,57%. Operadores ressaltam que, como a moeda americana vinha de dois pregões de fortes perdas, abriu-se espaço hoje para um movimento de realização de lucros e recomposição de posições defensivas, o que pode ter potencializado a depreciação do real. Com o avanço sexta-feira, a desvalorização da moeda americana no acumulado da semana foi praticamente apagada (-0,01%). Mesmo assim, o dólar encerra julho com ganhos de 4,76%.
Lá fora, o índice DXY – que mede a variação da moeda americana frente a seis pares – subia cerca de 0,30% e operava na casa de 92,100 pontos, em meio a forte busca de investidores por Treasuries, cujas taxas recuavam. O dólar também subia em relação à maioria das divisas emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano.
O real, que havia tido o melhor desempenho nos últimos dias, na esteira da expectativa de liquidez abundante após o tom "dovish" do Federal Reserve na quarta-feira, sofreu hoje as maiores perdas, atribuídas a fatores domésticos.
Segundo apuração do Broadcast, a ala política do governo pretende bancar um Bolsa Família turbinado, de ao menos R$ 300 ao mês, com uso de recursos fora do teto de gastos. Seria o primeiro sinal de avanço do Centrão a gestão da economia, após a chegada do senador Ciro Nogueira ao ministério da Casa Civil.
Guedes reagiu dizendo que, embora o orçamento de 2022 preveja recursos de R$ 25 bilhões a R$ 30 bilhões para o Bolsa Família, existe "fumaça no ar" em relação a possíveis despesas extraordinárias no orçamento. "Até o momento, sabemos que a programação para o Bolsa Família estava perfeitamente enquadrada na Lei de Responsabilidade Fiscal e nos limites do teto. Temos sempre receio", disse Guedes.
"Cresceu essa percepção de que o Bolsonaro entregou o governo para o Centrão e vai liberar mais gastos para tentar recuperar a popularidade. E isso estressou bastante o mercado", afirma Hideaki Iha, operador da Fair Corretora, ressaltando que na semana que vem são retomados os trabalhos da CPI da Covid, com fim do recesso parlamentar.
A despeito da deterioração dos ativos domésticos nesta sexta-feira, a operadora da B.Side Investimentos, Viviane Vieira, vê ainda uma tendência tanto de apreciação do real, caso o Banco Central aumente a taxa Selic em 1 ponto porcentual na semana que vem, para 5,25% ao ano, e adote um tom duro com a inflação, sinalizando mais aperto monetário.
"O dólar sempre é a válvula de escape em momentos de tensão, com os investidores buscando uma posição mais defensiva. O dia foi ruim também lá fora hoje, por conta da China e do resultado fraco da Amazon", afirma Viviane. "Mas o dólar tende a voltar a cair se o BC subir a Selic em 1 ponto, como o mercado espera. Se ele vier com uma alta de 0,75 (ponto), aí podemos ter um estresse bem maior", diz.