Estadão

Correção: Shein e Coteminas fecham acordo para produção local

<i>A matéria publicada anteriormente, no sábado, 22, continha uma incorreção sobre a identificação do representante da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel. Pimentel é diretor-superintendente da Abit. O atual presidente da Abit é Ricardo Steinbruch. Segue o texto corrigido.</i>

A Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), que pertence ao atual presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, anunciou na sexta-feira, 21, a assinatura de um memorando de entendimentos com a chinesa Shein.

O documento prevê que 2 mil dos clientes confeccionistas da empresa passem a ser fornecedores da companhia asiática para atender os mercados doméstico e da América Latina. A parceria abrange o financiamento para capital de trabalho e contratos de exportação de produtos para o lar.

Na quinta-feira, Josué participou de uma reunião do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com representantes da Shein, voltada especialmente para fast fashion.

Segundo Haddad, o empresário intermediou o entendimento com a varejista chinesa, especialmente depois da polêmica sobre sonegação de impostos nas compras em sites estrangeiros que vendem para o Brasil. Filho de José Alencar, morto em 2011, vice do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos seus dois primeiros mandatos, Josué sempre foi considerado próximo do petista. E tem se aproximado de alguns integrantes do governo, sobretudo de Haddad.

<b>Concorrência desleal</b>

Na briga pela taxação das asiáticas, que acabam provocando uma concorrência desleal com as varejistas brasileiras, o empresário teve importante participação no acordo que culminou no anúncio da Shein de que pretende nacionalizar 85% das vendas em quatro anos, com produtos feitos no Brasil. A plataforma chinesa anunciou que fará investimentos de cerca de R$ 750 milhões no setor têxtil brasileiro e vai gerar até 100 mil empregos indiretos no País nos próximos três anos.

Todo o imbróglio envolvendo os marketplaces asiáticos começou com a decisão do governo de taxar as vendas dos sites, acabando com a isenção de tributação nas importações no valor de até US$ 50 entre pessoas físicas. A suspeita era de que haveria simulação de compras entre pessoas físicas para escapar do imposto.

Uma semana depois, o governo recuou da decisão, diante da repercussão negativa da proposta na opinião pública. No dia seguinte, a Shein anunciou os investimentos.

<b>Novas tecnologias</b>

Para o diretor-superintendente da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit), Fernando Pimentel, de forma geral, a parceria intermediada pela Coteminas entre os confeccionistas nacionais e a Shein será positiva se os investimentos anunciados vierem acompanhados de novas tecnologias e modelos de negócios.

Após acordo do governo com Shein, Pimentel defendeu a taxação das plataformas de comércio eletrônico asiáticas. Segundo o presidente da Abit, há "a necessidade de as plataformas pagarem os devidos impostos para internalizarem suas produções asiáticas em nosso território".

O diretor executivo da Associação Brasileira do Varejo Têxtil (Abvtex), Edmundo Lima, também defende a aplicação da legislação já vigente no País. "A gente está colocando em risco todo o parque industrial brasileiro de produção de vestuário e calçado", afirmou, citando que a situação pode aumentar o nível de desemprego no País.

<b>Plano</b>

Na quinta-feira, Haddad prometeu a empresários do varejo que iria trabalhar em um plano de adequação das compras feitas em lojas asiáticas de comércio eletrônico. Um dos objetivos é assegurar que o imposto seja cobrado na transação. Ele disse que será necessário criar ferramentas para melhorar e ampliar a fiscalização dos produtos importados, mas frisou que isso não é uma tarefa fácil.

Segundo o presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), Jorge Gonçalves Filho, que participou do encontro com o ministro da Fazenda, a regularização das vendas de sites estrangeiros abre a perspectiva de uma competição mais justa, já que as lojas asiáticas serão enquadradas nas regras do comércio nacional. "A indústria e o varejo têm condições de serem mais competitivos desde que sob as mesmas bases de competição."

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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