A Operação Lava Jato revelou que parte do valor que a Petrobras contabilizava como ativo não foi usado para a construção de valor, mas sim foi desviado para esquemas de corrupção, afirmou o gerente de desenvolvimento empresarial da companhia, Mario Jorge da Silva, que participa de audiência pública no Senado Federal ao lado do presidente da estatal, Aldemir Bendine.
“Os gastos indevidos foram de R$ 6,2 bilhões, que foram baixados do patrimônio da empresa em 2014, baseados nas informações levantadas pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato, que mostrou que parte do valor tomado pela Petrobras para constituição de ativos não teve esse fim, mas sim foi desviado para fins ilícitos”, disse ele.
“Esse processo (de corrupção) ocorreu fora da Petrobras e a metodologia usada no balanço usou dados das investigações”, disse Silva. De acordo com o gerente da Petrobras, a operação Lava Jato “revelou a existência de um cartel que operou contra a companhia entre 2004 e 2012, formado por 27 empresas”.
Dos R$ 6,2 bilhões baixados do patrimônio da companhia que representaram perdas para a corrupção, a maior parte, de R$ 3,4 bilhões, estão relacionados à área de abastecimento. Outros R$ 2 bilhões em projetos de exploração e produção e os R$ 700 milhões restantes referentes a projetos de gás e energia. “Para chegar nesses valores, que foram auditados externamente, tivemos de lançar mão de informações da investigação do Ministério Público Federal”, disse Silva.
As perdas mais relevantes, de uma perspectiva de volume, foram de R$ 44,6 bilhões com impairment. “O maior impacto foram os atrasos nas refinarias do Comperj, no Rio de Janeiro, e de Abreu e Lima, em Pernambuco”, disse Silva. “Todo ano as empresas devem fazer avaliação de seus ativos para verificar se aquele valor lançado em balanço será recuperado ao longo da vida útil dos projetos. Na área de refino, as postergações de projetos também postergaram o início da entrada de receitas, então foi necessário fazer as baixas”, explicou o gerente da Petrobras.
No caso do Comperj, as perdas foram de R$ 21,8 bilhões no ano passado e na Refinaria Abreu e Lima, as perdas somaram R$ 9,1 bilhões.
Silva, no entanto, também buscou sinalizar dados positivos ao mercado. Ele citou a relação entre as reservas provadas e a produção da companhia. A relação indica que a Petrobras tem 18 anos de atual ritmo de produção apenas com as reservas provadas. “O mercado trabalha com um indicador de 12 anos, então somos mais do que sustentáveis”, disse.
Ao final, Silva afirmou que “um de nossos principais desafios” na Petrobras é a redução das dívidas. A relação entre o endividamento líquido e o Ebitda da companhia fechou o ano de 2014 em 4,7 anos, informou ele. “Este não é o patamar ideal, buscamos uma relação de 2,5 anos”, disse o gerente de desenvolvimento empresarial.