O cancelamento dos cartões de fornecimento de combustível, por meio do qual os vereadores faziam o abastecimento mensal de gasolina até R$ 1 mil, anunciado pela presidência da Câmara, na última terça-feira, despertou descontentamento e desconfiança por parte dos vereadores. Durante a sessão de quinta-feira, alguns parlamentares defenderam a abertura de investigação do Ministério Público nos contratos em vigor no Legislativo.
"Até agora não houve uma explicação plausível para a suspensão do cartão combustível. Onde estão as irregularidades? Dá a entender que querem cancelar o contrato, por algum motivo que não conhecemos, e não sabem como justificar", disse o vereador Lamé Smeile (PT doB).
O vereador criticou ainda o posicionamento da presidência diante do "sumiço" dos arquivos com dados da Diretoria de Plenário. "Isso aqui está parecendo a "casa da sogra". Cada um (presidente) que chega que fazer as coisas ao seu modo e acaba colocando em xeque a imagem de uma instituição como a Câmara. O desaparecimento desse banco de dados, por exemplo, é um absurdo. Só não é maior do que a posição da presidência, que preferiu não levar o caso à polícia", criticou o parlamentar.
Apesar de ter acesso direto aos contratos em vigor na Casa, Lameh pediu, por meio de requerimento, quinta-feria, cópia de todos os documentos, afirmou que fará análise minuciosa e, caso encontre alguma irregularidade, acionará o Ministério Público. "Essa bagunça em que se tornou a Câmara se deve a irresponsabilidade, incapacidade administrativa e inexperiência da atual gestão", afirmou.
Para a vereadora Luiza Cordeiro (PC do B) os motivos para o cancelamento do combustível também não estão claros. Ela criticou ainda a deficiência da Câmara na sustentação do mandato dos vereadores e cobrou iniciativas da nova gestão. "Está sendo criada uma situação insustentável para que o vereador não possa trabalhar", disse a vereadora, se referindo a suspensão da verba mensal de R$ 2 mil para manutenção dos escritórios, há cerca de oito meses, por determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), falta de subsídio para telefonia e, agora, a suspensão do cartão combustível.
O vereador Francisco Ferreira Brasil (PTN), o Novinho Brasil, fez coro às reclamações. De acordo com ele, a falta de informação leva os vereadores a passarem por constrangimentos diante dos eleitores.