O secretário de Energia de São Paulo, João Carlos Meirelles, revelou nesta segunda-feira, 7, que a Cosan e a Shell, controladoras da distribuidora de gás Comgás, confirmaram a intenção de investir na construção de um gasoduto que trará combustível do pré-sal da bacia de Santos para São Paulo. O modelo acionário do projeto, contudo, ainda não está definido. O presidente da Cosan, Marcos Lutz, limitou-se a dizer que a companhia “pode ter participação” no projeto, mas não vinculou obrigatoriamente essa participação ao aporte de recursos. O projeto está estimado em R$ 8 bilhões.
A expectativa do governo de São Paulo é de que o gasoduto esteja em operação dentro de sete anos – seriam dois anos para a estruturação do projeto e o cumprimento de questões burocráticas e cinco anos para a construção do gasoduto em si. Lutz pondera, contudo, que o cronograma do gasosuto pode estar vinculado ao plano de investimentos da Petrobras. Caso a estatal postergue o aumento da produção de petróleo no pré-sal de Santos, a oferta de gás, associado à produção do petróleo, também pode ser menor do que aquela projetada inicialmente.
O gasoduto deve praticamente dobrar a oferta de gás no estado, com a adição de 15 milhões de metros cúbicos diários (m³/d) de gás. Até a conclusão do projeto, o governo de São Paulo e as empresas envolvidas no empreendimento, conhecido como Rota 4, podem optar pela utilização de gás natural liquefeito (GNL) importado. O insumo seria regaseificado em uma unidade da Petrobras no Rio de Janeiro e, em uma operação de swap, a Petrobras viabilizaria o aumento da oferta de gás em território paulista.
A intenção de ampliar a oferta de gás natural em São Paulo pode atrair outros parceiros interessados em acessar o combustível a preços mais competitivos, aposta o governo paulista. O Grupo AES, um dos maiores geradores de energia do País, não tem intenção de participar do projeto de construção, mas é um potencial interessado na oferta de gás, segundo o presidente Britaldo Soares.
Térmicas
O aumento da oferta de gás em São Paulo também é considerado fundamental para a viabilização de outro projeto anunciado pelo governo paulista nesta terça-feira, 7: a construção de seis térmicas em uma área pertencente à Empresa Metropolitana de Águas e Energia (Emae), na capital paulista. Cada unidade teria capacidade de 250 MW e demandaria investimento de R$ 800 milhões a R$ 1 bilhão.
Para viabilizar o projeto avaliado em até R$ 6 bilhões, a Emae foi autorizada a lançar um edital de chamamento público ao setor privado. E a AES, segundo Britaldo, tem “total interesse” em participar da construção dessas térmicas, sempre na condição de acionista majoritária. “São projetos de geração de energia localizados dentro do centro de carga”, afirma Britaldo. A AES, além da Tietê, é controladora também de outras empresas, incluindo a Eletropaulo, distribuidora de energia com atuação em São Paulo.
A AES Tietê já possui planos para construir outras duas grandes térmicas abastecidas com gás natural em São Paulo. O projeto conhecido como São Paulo já foi viabilizado do ponto de vista de oferta de gás, a partir de um acordo de fornecimento com a Petrobras. O projeto ainda não foi leiloado, contudo, em função de o preço da energia dos leilões não trazer rentabilidade a tais investimentos. O segundo projeto, conhecido como Araraquara, ainda depende de disponibilidade de gás.
Questionado sobre a decisão do governo de São Paulo de autorizar a Cesp, outra empresa controlada pelo governo estadual, a participar de sociedades de propósito específico (SPE), Briltaldo disse que a estatal pode ser uma “boa parceira” em investimentos em São Paulo. O primeiro passo da Cesp, segundo o secretário Meirelles, será a participação em projetos de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs).
Cosan
Contudo, o presidente da Cosan, Marcos Lutz, revelou nesta terça que a companhia não tem interesse em adquirir as participações detidas pela Petrobras em distribuidoras de gás. O entrave, segundo o executivo, está associado à proposta da estatal em se desfazer apenas de participações minoritárias.
A venda de ativos da Petrobras nessa área está vinculada aos rumores de que a Gaspetro é uma das empresas incluídas no plano de desinvestimentos da estatal. Além da Gaspetro, a Petrobras teria interesse em se desfazer de participações na BR Distribuidora, Liquigás e Braskem, entre outras empresas e ativos. O nome das companhias incluídas no plano de desinvestimento é mantido em sigilo pela estatal para que não haja desvalorização dos ativos.