O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa começou seu depoimento à CPI da estatal dizendo que os “maus políticos” foram responsáveis pelo que está acontecendo na empresa. O ex-diretor disse que entrou na empresa via concurso público em 1977 e que só precisou de apoio político para galgar cargo na Petrobras quando pleiteou a função de diretor. “Tive a infelicidade de aceitar esse apoio político”, afirmou, alegando passar agora por um período de sofrimento profundo.
Em suas primeiras palavras, o ex-diretor declarou que o que aconteceu na companhia “não foi inventado por nenhum diretor” e sim pelos políticos. Ele disse esperar que o processo de apuração traga um “resultado positivo” para a Petrobras. “O Brasil está tendo uma oportunidade ímpar de fazer uma correção”, comentou.
Costa se colocou à disposição para esclarecer dúvidas dos parlamentares e declarou que vai repetir o que já disse em mais de 100 depoimentos prestados à Justiça Federal na delação premiada. Entre os pontos que começou esclarecendo está a questão da formação de cartel – segundo as investigações, as empreiteiras incluíam no preço das obras o valor da propina. Ele negou que tenha “achacado” as empresas para fazer parte do esquema. “Nunca houve. As empreiteiras também tinham interessem em outros órgãos do governo”, respondeu.
Falando sobre hipocrisia, o ex-diretor criticou as doações eleitorais de empresas e disse que elas sempre têm intenção de receber de volta o que doaram porque “não há almoço de graça”. Ele disse que está claro que várias doações oficiais vieram de propina. “Não existe doação de empresas que depois essas empresas não queiram recuperar o que foi doado. Se ele doa R$ 5 milhões, ele vai querer recuperar na frente R$ 20 milhões”, insistiu.