Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no primeiro semestre foram “moderados”, um pouco abaixo da primeira metade de 2013, disse, nesta segunda-feira, 18, o presidente da instituição de fomento, Luciano Coutinho. Ainda assim, Coutinho destacou que os planos de investimento das empresas estão mantidos no médio e longo prazo e não é possível ainda dizer se haverá queda na formação bruta de capital fixo (FBCF) no ano. “Apesar da queda de confiança, as empresas mantêm os planos. A conjuntura é transitória”, afirmou Coutinho, ao deixar a abertura do 2º Congresso Internacional do Centro Celso Furtado, no Rio. O executivo mencionou uma recuperação nos dados de consultas, o primeiro passo para a entrada de pedidos de financiamento no banco.
Mesmo diante da evidência, baseada em dados antecedentes, de queda na FBCF no segundo trimestre e das projeções de recuo também no ano, Coutinho recusou-se a endossar essa perspectiva. “É cedo para dizer”, afirmou.
Sobre o papel do BNDES no apoio aos investimentos, Coutinho destacou uma mudança na composição dos desembolsos, cujos dados consolidados serão divulgados em breve. Segundo ele, o primeiro semestre foi marcado por um aumento maior na liberação de recursos para contratos com funding e, portanto, taxas de juros de mercado.
Nesse quadro, cresceram menos os valores liberados para financiamentos com a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP, hoje em 5,0%), subsidiada e cujo funding é o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) e os aportes do Tesouro Nacional. Para Coutinho, essa mudança na composição é o mais relevante.
Na palestra de abertura do congresso, Coutinho apontou para uma superliquidez global, resultante da ação dos bancos centrais dos países desenvolvidos e classificada de “preocupante”.
Após o discurso, o presidente do BNDES pontuou que o “tapering” – retirada de estímulos monetários por parte do Fed (banco central norte-americano) – já foi absorvido pelos mercados, com impactos maiores no momento do anúncio, em maio de 2013. Agora, a discussão para a economia internacional é sobre quando o Fed começará a subir juros.
Para Coutinho, o Fed tem sido “cauteloso” e tudo dependerá da inflação e do crescimento da economia dos EUA. O executivo destacou que, inicialmente, as projeções apontavam para avanço em torno de 2,5% no PIB norte-americano. Agora, as estimativas estão entre 1,5% e 2,0%, mas Coutinho recusou-se a fazer previsões sobre os próximos passos do Fed.