Com mais de 360 mil mortos pela covid-19, o luto tem sido uma constante no Brasil. Os sentimentos de perda podem se intensificar ainda em datas comemorativas, como o Dia das Mães. Para lidar com esse momento, celebrar as histórias vividas seguindo os protocolos de segurança pode ser um caminho para famílias em momento difícil. “A tristeza pode fazer parte de uma celebração, ela só não pode impedir que aconteça”, diz Ana Lúcia Naletto, psicóloga do Centro Maiêutica de Psicologia, especializado em luto.
Para ajudar a fazer isso, o Primaveras, grupo funerário de Guarulhos, promove uma programação online com missas, palestra e homenagens diversas em suas redes sociais. Há anos, o evento cultural aberto ao público acontecia nas duas unidades do grupo, mas, com a pandemia, foi transferido para a internet — com boa recepção do público, que também participa com envio de fotos e atividades interativas.
Com o tema “Mãe – Luz que não se apaga”, a programação do Primaveras começa às 9h do dia 09/05 e fica disponível depois nas redes sociais. “Carinho e homenagens fazem bem à alma e neste momento estamos precisando muito de coisas que aqueçam o coração”, diz Ana Lúcia, que palestra no evento. Confira:
Live Missa com Frei Messias – 9h
Live Cerimônia dos Balões – 10h
Live com a Psicóloga Ana Lúcia Naletto – 10h10
Live Missa com Padre Thiago – 11h
Live homenagem com balões – 12h
Luto na pandemia
“A morte dos outros ecoa dentro de cada um de nós e nos lembra que ela existe, nos coloca em alerta e com medo”, diz Ana Lúcia. Por isso a pandemia tem sido um momento de luto coletivo mesmo para quem não perdeu ninguém próximo. Isso se reflete na saúde mental: segundo pesquisa do instituto Ipsos, encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros declararam que seu bem-estar mental piorou um pouco ou muito no último ano.
Como lidar com essa difícil realidade coletiva? Estar em grupo pode ser um conforto, afirma Ana Lúcia. “Além do enlutado ver que há muitas outras famílias na mesma situação, ainda tem a questão de se perceber em sofrimento assim como todos que estão vivendo esta pandemia”. Para o futuro, ainda é difícil saber quais cicatrizes esse período deixará. “Não podemos antecipar, mas acreditamos que a morte e os rituais de despedidas serão reconhecidos como cerimônias indispensáveis para o processo de luto”, diz.