O preço médio dos alimentos da cesta básica do brasileiro já sentiu o efeito da quarentena imposta pela pandemia do coronavírus, saltando de uma alta de 0,19% no dia 2 de março, contra 3 de fevereiro, para alta de 1,64% em 26 de março, ante a variação de 27 de fevereiro, informou nesta terça-feira, 31, a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
"Com as famílias mais tempo em casa, houve aumento da busca por alimentos nos mercados", explica a FGV em nota.
Itens básicos que estavam com preço em queda na primeira aferição de março, passaram a subir no levantamento mais recente.
O feijão carioca passou de uma queda de 2,16% para alta 0,58% na comparação, e o feijão preto, que havia caído 2,61% no início do mês, agora registra alta de 2,24%. O arroz, já em alta na mediação anterior, de 1,17%, subiu para 1,74%, e os ovos tiveram o preço elevado de alta de 5,04% para 9,04%.
A carne bovina registrava em 2 de março queda de 2,31% e, após o início da quarentena, está custando 0,25% a mais. Já o frango inteiro teve redução de preço, de queda de 1,47% para uma queda de 2,20% na mesma comparação.
De acordo com o economista André Braz, coordenador do Índice de Preço ao Consumidor (IPC) do Ibre-FGV, além do aumento da demanda por alimentos, a estocagem também afetou os preços. "Dois pontos principais explicam o avanço dos preços. Além do aumento da demanda por alimentos, pois todas as refeições estão sendo feitas em residência, houve aumento da estocagem de alimentos por receio de que o vírus se propague mais e expanda o período de confinamento social", explicou.
De acordo com Braz, os serviços delivery em operação servem como alternativa para as famílias, mas o nível de preços da alimentação preparada fora de casa é maior do que o da refeição preparada em residência. "Como o orçamento de várias famílias foi afetado pela paralisação do comércio e dos serviços, muitas delas não dispõem de renda para arcar com os custos da alimentação fora de casa", avaliou.
Ele lembrou ainda que a alta obedece o princípio da oferta e demanda, e que muitas famílias com mais recursos acabam comprando antecipadamente os produtos que passam a faltar para as famílias de mais baixa renda.