O presidente nacional do PT, Rui Falcão, criticou a retirada da proposta da volta da CPMF do texto final da resolução do 5º Congresso do PT e disse que a decisão foi tomada por medo. “As pessoas têm medo de falar de imposto, por isso tiraram do texto. Eu prefiro fazer o debate, enfrentar, explicar, mas é uma decisão que eu respeito, a decisão da maioria”, afirmou.
Ao longo do encontro, o dirigente disse diversas vezes a jornalistas ser favorável ao chamado imposto do cheque e afirmou que ele poderia voltar de forma a tributar apenas as camadas mais ricas da população. Falcão repetiu que é um tributo limpo e transparente para financiar a saúde. “Toda vez que alguém fala de imposto, todos ficam com pé atrás”, lamentou ao defender novamente que o País tem uma política tributária injusta que penaliza os trabalhadores e a classe média.
Falcão disse, contudo, que apesar de não ter entrado claramente na resolução, a discussão da volta da CPMF continuará no partido. “É preciso inverter essa questão tributária. A CPMF é um imposto que você pode concentrar no topo, pegar 5 ou 6 milhões de pessoas pagando, o que propiciaria grandes recursos para financiar a saúde. Esse debate vai prosseguir independentemente de estar na resolução.”
Nesta sexta-feira (12), o ministro da Saúde, Arthur Chioro, revelou a jornalistas que acompanhavam o congresso da legenda que negociava com governadores e prefeitos a volta da contribuição em um novo modelo para financiar o setor. Chioro, no entanto, foi logo desautorizado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e o PT suprimiu a referência à CPMF da Carta de Salvador – prévia da resolução do congresso partidário.
Falcão negou que falte coragem ao PT para pautar mudanças na economia e lembrou que ficaram na resolução as sugestões para criação de impostos sobre grandes fortunas e heranças. “Coragem pra nós não falta”, afirmou.