Não há radioatividade no bloco de concreto que foi encontrado em uma casa na cidade de Anápolis (GO), que fica a 54 km de Goiânia. A informação é do coordenador do Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste (CRCN-CO), localizado em Abadia de Goiás, o físico Walter Mendes Ferreira. Segundo ele, o levantamento radiométrico realizado na cápsula encontrada mostrou que não se trata de material radioativo.
No início da tarde desta sexta-feira, 19, o Corpo de Bombeiros foi informado sobre a presença de "possível produto perigoso, concretado em uma caixa de ferro, localizado no quintal de uma residência." O local chegou a ser isolado e a suspeita é de que se tratava de uma cápsula de césio. Segundo os policiais militares que haviam ido a casa averiguar a informação de que havia armas ilegais no local, o próprio morador disse que o objeto guardava uma cápsula de césio.
Um técnico do CRCN esteve no local para verificar o objeto, mas, segundo Ferreira, de antemão já se sabia que não se tratava de material radioativo. "Todos os materiais radioativos licenciados no Brasil compõem um banco de dados e não há registro de materiais dessa natureza em Anápolis", explicou o coordenador do órgão.
O bloco de concreto foi recolhido e será levado para o CRCN "com o objetivo de minimizar o impacto psicológico junto à população", afirmou Ferreira.
<b>Acidente Césio 137
</b>O incidente com o bloco de concreto encontrado em Anápolis lembrou aos goianos a tragédia que viveram em 1987 com acidente radioativo com Césio-137, considerado o maior do mundo. A radiação, que atingiu cerca de 100 mil pessoas, matou onze, inclusive uma criança de 6 anos, e contaminou mais de 600.
A contaminação se deu a partir de um aparelho de radioterapia encontrado por dois catadores de papel em uma clínica abandonada no centro de Goiânia. O objeto foi levado para um ferro-velho local e desmontado e, em seu interior, foi encontrada uma cápsula de chumbo com 19,26g de cloreto de Césio, que foi aberta por um dos catadores de papel.
Até hoje, mais de 13 mil toneladas de lixo atômico estão armazenados em contêineres concretados em um depósito construído em Abadia de Goiás, a 22 km de Goiânia, onde a CNEN instalou o Centro Regional de Ciências Nucleares do Centro-Oeste, que faz o monitoramento dos rejeitos radioativos e controle ambiental.