Líderes políticos da América Latina e da União Europeia divergem sobre a inclusão de uma menção de apoio à Ucrânia na declaração final da cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) com a UE. Um texto prévio vem sendo negociado entre diplomatas dos dois lados e enfrenta resistências pelo teor da mensagem favorável à Ucrânia, na guerra contra a Rússia.
Nesta sexta-feira, dia 14, negociadores dos países envolvidos na cúpula devem se reunir novamente em Bruxelas, para discutir o rascunho do documento, dias antes da realização da cúpula. A cúpula Celac-UE não ocorre há oito anos e deve reunir em Bruxelas, na Bélgica, chefes de Estado e de governo de 60 países. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou presença na terceira edição do encontro, entre 33 países latinos e caribenhos e os 27 europeus.
"O projeto de declaração ainda está sendo negociado. Era um projeto maior, houve uma dificuldade de consenso e o texto diminuiu. Haverá uma sessão final de negociação em torno de princípios comuns e temas específicos. Será uma declaração mais curta do que inicialmente proposto. Há uma dificuldade de negociar um texto longo com tantos países. A reunião é amanhã, mais em torno de ideias e princípios que os 60 países possam estar de acordo. Não será nada mais específico", explicou a embaixadora Gisela Padovan, secretária de América Latina e Caribe, do Itamaraty.
Sobre a menção à Ucrânia, a embaixadora disse que a posição do Brasil vai depender da linguagem. "Enfatizamos que a declaração deveria incluir principalmente temas birregionais. Não é um encontro para discutir o mundo inteiro, é um encontro de duas regiões com temas e interesses comuns. Esses temas e interesses devem participar", afirmou Padovan.
O próprio Volodmir Zelenski afirmou durante uma entrevista em Kiev, em 30 de junho, que foi convidado pelo presidente de Governo da Espanha, Pedro Sánchez, a participar da cúpula. No entanto, segundo o presidente ucraniano, "alguns países latino-americanos barraram a sua presença". Ele não citou quais. Zelenski busca uma aproximação com países latino-americanos e do Sul Global, com os quais a Rússia possui mais proximidade política e econômica.
<b>Agenda</b>
Lula e comitiva desembarcam em Bruxelas na tarde de domingo, dia 16. No dia 17, o presidente encontra-se primeiro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e depois discursa na abertura de um Fórum de Negócios entre União Europeia e Celac.
O presidente terá encontros bilaterais, ainda, com os presidentes do Parlamento Europeu e do Conselho Europeu. Entre os pedidos de reuniões paralelas com países, Lula já tem confirmadas conversas com o primeiro-ministro e o rei da Bélgica e provavelmente com a primeira-ministra da Dinamarca.
Ainda no dia 17, Lula participa da sessão de abertura da 3ª Cúpula Celac-UE, da foto de família e a proposta de uma adoção de declaração conjunta da aliança digital entre União Europeia, América Latina e Caribe. O presidente encerra o dia em uma recepção com apresentação musical e um jantar de gala.
No dia 18, Lula participará de um café da manhã com líderes de esquerda e encontra-se com o chanceler federal da Áustria e com primeiro-ministro da Suécia. Deve ser confirmado com ainda à tarde uma reunião com a primeira-ministra de Barbados.
A agenda inclui uma reunião plenária com almoço de trabalho da Cúpula Celac-UE no dia 18, sobre a reforma da arquitetura financeira internacional. Ele deve fazer um discurso neste encontro. O presidente deve participar de uma entrevista coletiva à imprensa.
Quatro mesas temáticas abordarão os seguintes temas: mudança do clima e transição justa e sustentável; transição digital inclusiva e justa; segurança cidadã, coesão social e combate ao crime transnacional; e comércio e desenvolvimento sustentável e recuperação pós-pandemia.