Estadão

Cúpula com presença de líderes autoritários debate democracia na região

Na primeira cúpula da Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) após a volta do Brasil, o tema principal foi a defesa da democracia e o comprometimento em pensar modelos de desenvolvimento que unam os países da região e englobem a preocupação com meio ambiente.

Os líderes presentes à cúpula em Buenos Aires expressaram preocupação com o crescimento da extrema direita e pediram o fim das restrições comerciais impostas a Cuba e Venezuela. Desde a segunda-feira, uma espécie de fogo cruzado envolveu o encontro, em razão do convite dos anfitriões argentinos feito aos líderes de Cuba, Nicarágua e Venezuela, acusados de violar os direitos humanos.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, que detém a presidência rotativa da Celac, voltou a afirmar que todos os convidados foram eleitos democraticamente e criticou as sanções, argumentando que "são métodos perversos de punir, não governos, mas povos". "Cuba está bloqueada há mais de seis décadas e isso é indesculpável. A Venezuela sofre o mesmo e temos de levantar nossas vozes", disse.

O presidente chavista, Nicolás Maduro, que foi denunciado perante a Justiça argentina por organizações civis por violação dos direitos humanos, anunciou na segunda-feira, 23, que não pisaria em solo argentino e não compareceu à reunião.

Já o presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, estava presente e afirmou que é preciso fortalecer a Celac para aprofundar a integração regional. Ele ofereceu solidariedade ao Brasil pelos ataques a Brasília, em 8 de janeiro. "Também expresso minha mais firme solidariedade aos governos legítimos de Venezuela, Nicarágua e Bolívia, submetidos a persistentes tentativas de desestabilização", afirmou Díaz-Canel.

<b>Integração</b>

O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, um dos poucos conservadores presentes na cúpula, defendeu que a Celac impulsione a criação de uma zona de livre-comércio regional e criticou os países do grupo que "não respeitam a democracia nem os direitos humanos". "Todos os países que estão aqui condenam as ações contra a democracia no Brasil", disse. "Mas claramente há países aqui que não respeitam as instituições, a democracia ou os direitos humanos."

O governo do Uruguai está sob forte pressão dentro do Mercosul por negociar um tratado de livre-comércio com a China. Nesta terça, 24, Lacalle Pou defendeu a abertura econômica de toda a região. "Não seria hora de abrir essas relações e de a Celac promover uma zona de livre-comércio do México ao sul da América do Sul? Não podemos mover nessa direção?", questionou. "Muitas de nossas economias são complementares e tenho certeza de que poderíamos avançar."

<b>Lula</b>

O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, comemorou o retorno do País à Celac e aproveitou o evento para "agradecer a todos" pelo apoio depois dos ataques em Brasília. "Somos uma região pacífica, que repudia o extremismo, o terrorismo e a violência política", afirmou Lula, que defendeu reforçar o "multilateralismo". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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