O grupo CR Almeida fechou na noite da quinta-feira, 17, um acordo que vai lhe garantir o aporte de R$ 2 bilhões e dar fôlego à companhia controladora da EcoRodovias, a concessionária que opera as rodovias Imigrantes e Anchieta. Depois de seis meses de negociação, com seis grupos no páreo, a família decidiu se associar a um antigo conhecido: o grupo italiano de concessões rodoviárias Gaveo. O negócio será anunciado nesta sexta-feira, 18.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, uma nova empresa será criada para substituir a Primav, holding que hoje detém 64% da EcoRodovias e que está integralmente nas mãos da CR Almeida. Até 2012, a Primav era uma sociedade entre a empresa brasileira e a Impregilo, maior construtora de capital aberto da Itália. Esse grupo, por sua vez, era controlado pelo Gaveo na época.
Com o acordo, os italianos aportariam R$ 2 bilhões na nova holding e a CR Almeida entraria com as ações que detém na EcoRodovias e com o contrato de construção da Linha 18 (Bronze) do Metrô de São Paulo, além da dívida de R$ 2,2 bilhões que pertencia à Primav. A holding da família tomou dinheiro emprestado em 2012 justamente para comprar a participação da Impregilo, que passou a ser controlada por outra companhia e decidiu sair do Brasil.
O movimento foi questionado pelo mercado e até por alguns dos seis herdeiros do fundador Cecílio do Rego Almeida, falecido em 2008. Com o aumento da taxa de juros, o valor da dívida disparou, ao mesmo tempo em que as empresas do grupo começaram a perder receita.
“Como a família estava muito alavancada, o mercado temia que a EcoRodovias teria de pagar dividendos para a holding para resolver o problema do acionista controlador”, diz uma fonte próxima às negociações. “Com o aporte, esse risco desaparece. A empresa vai poder se concentrar nos negócios e no crescimento.”
A nova transação não tira a Primav de cena. Ela continuará no controle dos outros negócios da família, como a construtora CR Almeida. O grupo brasileiro passará a deter 50% da nova companhia e os italianos serão donos de outros 50%.
Com receita anual de 4 bilhões de euros, o Gaveo disputou a participação na EcoRodovias com a também italiana Atlantio, com a francesa Vinci, do setor de infraestrutura, a canadense Brookfield, a espanhola Arteris, dona da OHL, e a CCR. Bradesco e BTG, junto com Merrill Lynch, foram os coordenadores do negócio.
Novas vendas
O acordo com o Gaveo, no entanto, não deve interferir no processo de venda de outros ativos do Grupo CR Almeida. No primeiro semestre, a Primav colocou à venda a Elog, uma das maiores operadoras logísticas do País, que pertence à EcoRodovias. Essa empresa foi adquirida em 2010 pelo grupo, mas seus resultados ficaram aquém do esperado.
Outro ativo que pode ser vendido é a Ecoporto – um terminal em Santos, adquirido em 2012, mas que viu sua movimentação ser prejudicada pela entrada de Embraport e BTP. “Esses ativos continuam à venda porque a empresa decidiu sair de negócios que não fazem mais sentido para ela”, diz uma fonte próxima ao grupo. Seria uma forma de gerar caixa para a EcoRodovias.
Ao fim de setembro, a dívida bruta consolidada da empresa era de R$ 5,1 bilhões. O endividamento medido pela dívida líquida sobre o Ebitda (potencial de geração de caixa) foi de 3,2 vezes no último trimestre. A EcoRodovias tem em caixa R$ 723 milhões. A assessoria de imprensa da CR Almeida não foi encontrada para comentar a informação. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.