Usuários de drogas da Cracolândia atearam fogo em objetos e obstruíram ruas do centro de São Paulo na noite desta quarta-feira, 19. A Polícia Militar diz que não há informações ainda sobre o que motivou o ato dos dependentes químicos, mas afirmou que as vias foram desobstruídas por agentes do 7º Batalhão de Ações Especiais (Baep).
Até a publicação da reportagem não havia ainda informações de feridos ou detidos na ação, que aconteceu nas proximidades da avenida Duque de Caxias com a rua Santa Ifigênia. Segundo a Polícia Militar, a confusão começou por volta das 19h15 e a situação foi controlada depois das 20h.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado informou que equipes do 7º Batalhão de Ações Especiais de Polícia "dispersaram um tumulto e apagaram um pequeno foco de incêndio ocorrido na noite desta quarta-feira".
Na terça-feira, 18, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) anunciou que pretende levar a concentração de dependentes químicos da Cracolândia para a região do Bom Retiro, também na região central de São Paulo.
Segundo o governador, neste endereço, os usuários de drogas ficariam mais próximos do Complexo Prates, um programa municipal que reúne, dentro de uma área de 11 mil metros quadrados, equipamentos públicos especializados no acolhimento da população em situação de rua e também dependentes químicos, como o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (Caps).
Na semana passada, a região central da cidade foi palco de outro confronto de policiais com dependentes depois que usuários apedrejaram carros, um ônibus e uma viatura da PM. Duas pessoas foram presas e duas outras ficaram feridas na ocorrência. Na ocasião, a PM disse que os ataques aconteceram após uma ação de dispersão dos dependentes na Rua Conselheiro Nébias, a 750 metros da Praça Julio Mesquita.
Na semana passada, os Poderes municipal e estadual tentaram remover o fluxo do centro da rua dos Gusmões até a ponte Orestes Quércia, na Marginal do Tietê, em um caminho de cerca de três quilômetros. Relato de líderes sociais e profissionais de saúde apontam que a Polícia Militar, a Polícia Civil e a GCM conduziram o fluxo. No final da operação, os usuários fugiram do local e retornaram ao centro.
<b>Ataques sucessivos</b>
Relatos de ataques na região cresceram nos últimos meses, principalmente depois que os dependentes químicos, após ações policiais de combate ao tráfico de drogas, se dispersaram dos entornos da Praça Santa Isabel, onde ficavam concentrados até o ano passado. Desde então, os usuários não têm ponto fixo, e trocam de endereço com frequência.
No mês passado, um supermercado na avenida Rio Branco foi invadido e saqueado por usuários, e um bar chegou a ser invadido. Dias antes, um carro foi apedrejado na rua Vitória, na Luz, também na região central da cidade, por dependentes que avançaram sobre o veículo. Em ambos os casos houve confronto com policiais.
Em abril, imagens gravadas por moradores da região também flagraram usuários saqueando uma farmácia e um mercado – e um restaurante sofreu uma tentativa de invasão no mesmo mês.