O volume de financiamentos internacionais para o Brasil encolheu em US$ 22,1 bilhões no ano passado, marcado pela pandemia, de acordo com estatísticas publicadas nesta terça-feira pelo Banco de Compensações Internacionais (BIS, na sigla em inglês), uma espécie de banco central dos bancos centrais. A cifra se contrapõe ao fluxo positivo de US$ 9,12 trilhões registrado em 2019, conforme a entidade, com sede em Basileia, na Suíça.
De outubro a dezembro, o volume de crédito internacional para o Brasil diminuiu US$ 1,1 trilhão, em queda pelo terceiro trimestre seguido, na contramão do mundo, depois de iniciar 2020 com o pé direito. No primeiro trimestre do ano passado, o Brasil havia registrado fluxo positivo de US$ 13,9 bilhões. No entanto, com a pandemia, as linhas internacionais secaram e o volume de recursos ao País foi ladeira abaixo.
Se considerados os empréstimos intragrupo destinados ao Brasil, ou seja, realizados entre matriz e subsidiárias, o baque foi ainda maior no fim de 2020. De outubro a dezembro, esses financiamentos tiveram baixa de US$ 5,2 bilhões, segundo o BIS.
Enquanto isso, no mundo, os empréstimos internacionais aumentaram em US$ 431 bilhões no quarto trimestre do ano passado, avanço de 6,1% em relação ao mesmo período de 2019. Os créditos para economias emergentes e em desenvolvimento voltaram a crescer, após dois trimestres de queda, com aumento de US$ 34 bilhões. Na América Latina, porém, foi vista queda de 6%, na mesma base de comparação.
"Os créditos para economias emergentes e em desenvolvimento foram mais voláteis em 2020 do que nos anos anteriores, com um salto no primeiro trimestre seguido por contrações no segundo e terceiro trimestre", destaca o BIS, em relatório.
Ao fim de 2020, o estoque de crédito internacional global era de US$ 35,6 trilhões, sendo a maioria em dólar, conforme o BIS. No caso do Brasil, essa cifra é de cerca de US$ 216 bilhões. Ao fim de 2019, era de US$ 260 bilhões.