O banco Credit Suisse revisou sua projeção para a economia do Brasil este ano de -3,5% para -4,2%, citando o carrego estatístico após a divulgação do PIB do quarto trimestre de 2015, na semana passada, e também indicadores recentes. “Os principais indicadores de atividade continuam a sugerir deterioração adicional da economia no primeiro trimestre de 2016”, diz a instituição em relatório.
Os dados acima são do cenário base do Credit Suisse. No cenário negativo, a contração do PIB este ano chegaria a 6,1%. Já em um cenário positivo, a recessão seria bem mais suave, de 2,5%. “A elevada incerteza quanto à reversão do atual quadro recessivo aumenta o conjunto de possíveis resultados em termos de crescimento do PIB nos próximos anos”, explica o texto.
No curto prazo, o banco diz que a dinâmica recente dos indicadores de confiança de empresários e consumidores, com relativa estabilidade de ambos os indicadores, sugere que a contração da economia nos próximos trimestres tende a ser menor do que o observado nos últimos trimestres. Apesar disso, alguns fatores impedirão uma aceleração sustentável da confiança nos próximos meses, entre eles a deterioração no mercado de trabalho, a inflação elevada e o ambiente político.
Para 2017, o banco diz que a dinâmica de crescimento é bastante incerta. O Credit Suisse aponta que, historicamente, episódios recessivos podem ser sucedidos por momentos de expansão econômica mesmo que não ocorra uma mudança mais expressiva nos fundamentos, como foi o caso, por exemplo, quando a economia do Brasil cresceu entre 1984 e 1987. Apesar disso, a expansão tende a ser insustentável nesses casos, eventualmente terminando em novos episódios recessivos. “Essa oscilação entre períodos de crescimento e contração resulta de respostas de política econômica mais voltadas para o curto prazo, normalmente com o objetivo de estimular a demanda doméstica”.
O banco não acredita na aprovação de reformas estruturais e medidas que possibilitem uma trajetória mais favorável para a dinâmica das contas públicas e, consequentemente, a reversão da atual recessão no curto prazo. “O direcionamento da política econômica para medidas de estimulo à economia (como por exemplo as ações de concessão de crédito anunciadas mais recentemente) aumenta o risco de aprofundamento e prolongamento da recessão atual nos próximos anos”, afirma o relatório.
No cenário base do Credit Suisse, a projeção para o PIB de 2017 é de -1,0%. Já na versão pessimista a contração chegaria a 2,3%, enquanto na alternativa otimista haveria crescimento de 1,3%.