Os mercados emergentes receberam US$ 25,5 bilhões de investidores estrangeiros em abril para aplicações em renda fixa e nas bolsas, de acordo com dados preliminares divulgados nesta quinta-feira, 28, pelo do Instituto Internacional de Finanças (IIF), formado pelos maiores bancos do mundo. Todas as quatro regiões avaliadas tiveram ingressos de recursos, mas o destaque foi a América Latina, com US$ 12 bilhões. O IIF menciona que o interesse externo no Brasil é crescente, em meio à expectativa de que a saída da presidente Dilma Rousseff leve o novo governo a adotar medidas mais “pró-mercado”, incluindo um ajuste fiscal.
Os dados mostram que o interesse dos investidores por ativos nos emergentes continuou este mês, depois de um começo de 2016 turbulento, mas perdeu fôlego. Em março, os ingressos nestes mercados somaram US$ 37 bilhões, o maior volume em 21 meses.
Apesar da desaceleração, os aportes de abril seguem acima da média mensal desde 2010, de US$ 22 bilhões.
Do total de recursos aplicados este mês nos emergentes, a maior parte (US$ 20,5 bilhões) foram direcionados para aplicações em renda fixa. As ações receberam US$ 5 bilhões.
A avaliação do IIF é que o fluxo foi ajudado pela postura dos principais bancos centrais do mundo favoráveis a juros baixos, o que estimulou a busca de risco por investidores internacionais. Anteontem o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) sinalizou que não tem pressa para elevar as taxas de juros.
Sem fôlego
Apesar do recente interesse pelos emergentes, esses mercados devem ter fuga de capital este ano, prevê o IIF. A avaliação do organismo é que o movimento positivo não deve se mostrar duradouro e as saídas de recursos devem superar os ingressos, totalizando US$ 501 bilhões em 2016.
O ritmo previsto de retirada de recursos este ano é menor do que o registrado em 2015, quando as saídas de capital superaram os ingressos em US$ 750 bilhões. O IIF inclui nos números também a retirada de recursos dos emergentes por seus residentes. A China deve ser o mercado com maior fuga de capital este ano.
Para o economista-chefe do IIF, Charles Collyns, nos últimos meses, houve um crescente interesse por ativos nos mercados emergentes. O movimento, porém, não foi provocado pela melhora das economias desses países, mas por um aumento do apetite por risco dos investidores globais, que perceberam que os temores que marcaram o começo do ano não se concretizaram.
Entre as preocupações, estava a de que a economia mundial fosse entrar em recessão e de que a moeda chinesa fosse ter uma depreciação desordenada.
Collyns ressalta ainda que os principais bancos centrais do mundo têm tido postura “bastante dovish”, ou seja, favorável a juros baixos. Mas a melhora do humor dos investidores não quer dizer que as coisas mudaram nos principais países. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.