Sem ação dos governos, o crescimento potencial dos países emergentes vai declinar nos próximos anos e o dos países desenvolvidos terá crescimento, mas em nível inferior ao que era no passado, afirmou o economista do Fundo Monetário Internacional (FMI), Davide Furceri, nesta terça-feira, 7
O padrão de crescimento potencial dos países emergentes, que até agora tem tido comportamento similar, pode nos próximos anos ficar menos homogêneo, afirmou Furceri. “Olhando pra frente, devem ter fatores específicos em algumas economias emergentes, como Brasil e Rússia, que podem ser diferentes. Cada um dos países tem suas especificidades, como a China tentando rebalancear sua economia e outros países podem enfrentar outros desafios”, disse.
Para estimular o crescimento potencial, quando um país cresce sem gerar inflação, a recomendação do FMI é a de que os governos, no caso dos países emergentes, melhorem a infraestrutura, para eliminar gargalos, e façam reformas importantes na economia, que melhorem o ambiente de negócios e estimulem os empresários a investir. “Aumentar o gasto em infraestrutura é um fator chave”, disse Furceri.
O vice-chefe do departamento de pesquisa do FMI, Daniel Leigh, ressaltou ainda que o investimento privado tem caído nos países avançados e desenvolvidos e há sinais de que está contribuindo para reduzir o crescimento de longo prazo. A queda na crise de 2008 foi maior que em outros períodos de recessão e desde então a tem havido pouca recuperação, afirmou Leigh.
Para estimular o investimento privado, o economista ressalta que é essencial que os governos tenham um diagnóstico correto dos motivos que levam empresários a não investir. “Se o baixo investimento é apenas reflexo da fraca atividade econômica, então medidas para estimular a atividade podem ser usadas”, disse ele. Mas se for consequência de incerteza política e de fraquezas no sistema financeiro do país, estes problemas precisam ser resolvidos antes.
O FMI prevê que depois de os emergentes apresentarem um crescimento potencial de 6,5% entre 2008/2014, a taxa deve cair para 5,2% entre 2015/2020. Nos países desenvolvidos a taxa deve subir de 1,3% de 2008/2014 para 1,6% entre 2015/2020. Mesmo com a melhora, o nível deve ser menor do que era antes da crise financeira mundial, quando os países desenvolvidos tinham expansão potencial média de 2,2%.