No auge da parceria, Correios e Banco do Brasil (BB) chegaram a anunciar a criação de um novo banco, em novembro de 2013 – projeto que está totalmente descartado pela nova gestão das duas empresas públicas. Na época, os sócios chegaram a anunciar que tinham estabelecido um novo modelo de parceria para por fim à concorrência entre os bancos para explorar o serviço. Em vez de realizar concorrência, baseada no maior valor oferecido para exploração da rede, Correios e BB seriam sócios de uma nova empresa, cada um com 50%. O modelo não vingou.
Quando o BB arrematou o Banco Postal, o Brasil vivia o auge do processo de bancarização, com milhões de pessoas migrando das classes D e E para a C. Além disso, o consumo estava no ápice. O momento atual, porém, vai na contramão. As pessoas estão com menor poder aquisitivo e o consumo segue reprimido diante de 11,4 milhões de desempregados.
Em paralelo, as transações bancárias migram, cada vez mais, para os canais digitais. No ano passado, operações via dispositivos móveis, que inclui celulares e tablets, cresceram 138%, galgando a segunda posição atrás apenas do internet banking, segundo a Federação Brasileira de Bancos (Febraban). Em alguns bancos, como no BB, por exemplo, os canais remotos já lideram em termos de importância.
Uma fonte diz que a complementaridade que o Postal traz para o BB é importante, já que está em 95% dos municípios do Brasil, com mais de 6 mil agências, enquanto o banco público tem presença em metade do território nacional. Mas, considerando o contexto atual, pontua a fonte, o negócio deixa de ser o que foi para o Bradesco que deteve o canal do Postal por dez anos. Quando perdeu o contrato para o BB, abriu mais de mil agências para compensar o fim da parceria com os Correios e para atender a administração da folha de pagamentos dos funcionários do governo do Rio de Janeiro.
Operações
O Postal, nas agências dos Correios, sempre ofereceu serviços bancários básicos. Quando o BB assumiu o contrato, desenvolveu um projeto na esteira do esforço de ampliar suas receitas para transformá-lo em uma instituição completa, passando a vender um leque maior de produtos como seguros, cartões, crédito e aplicações. Na ocasião, a gestão seria compartilhada entre o BB e os Correios. Chegaram a obter aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para o novo acordo, firmado no início de 2014. O plano de negócios, porém, emperrou com a complexidade do negócio e o momento de crise.
Com mais de 1,9 milhão de correntistas, o Postal tem mais de 70% dos clientes com produtos bancários. Com mais de duas soluções, porém, essa fatia cai para pouco mais de 20%. Em termos de crédito, o volume desembolsado no primeiro trimestre chegou a R$ 242 milhões, mais que o dobro da cifra registrada após um ano do início do contrato, de R$ 113 milhões. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.