Estadão

Crise alimentar global ante guerra na Ucrânia divide governo Biden

Com tempo limitado e poucas opções, o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mostra divisões sobre como lidar com uma crise alimentar global impulsionada pela guerra da Rússia na Ucrânia. No centro do debate entre membros do governo está uma proposta para oferecer uma isenção por seis meses sobre o setor de fertilizantes de potássio de Belarus, na expectativa de que isso possa levar o presidente Alexander Lukashenko a permitir um corredor ferroviário para os grãos ucranianos.

Funcionários do Departamento de Estado não querem retirar sanções e dizem que a ideia não funcionaria, em parte pois Lukashenko resistiria a um acordo, já que tem laços próximos com o presidente russo, Vladimir Putin. Já membros do Conselho Nacional de Segurança da Casa Branca acreditam que, embora complicada, a ideia seria uma das únicas alternativas viáveis a se considerar.

Não há propostas formais sobre o tema até agora, enquanto as opções são avaliadas, dizem funcionários. Enquanto isso, os mercados internacionais de alimentos devem enfrentar séria escassez neste ano, como resultado do conflito, que deixou preso no país a maioria dos grãos que a Ucrânia exportaria, em meio a acusações de supostos saques desse produto pela Rússia. Somadas, a Rússia e a Ucrânia fornecem juntas no mercado global quase um terço do trigo, um quarto da cevada e quase três quartos do óleo de girassol, segundo o International Food Policy Research Institute. O governo ucraniano espera que menos da metade do previsto para este ano seja colhido no país.

Funcionários avaliam soluções para lidar com o crescente estoque da Ucrânia, já que os silos do país estão cheios e precisariam ser esvaziados preparando-se para a atual colheita. O Departamento do Estado não respondeu a um pedido de comentário.

Na segunda-feira, Turquia e Rússia discutiram um acordo preliminar para retomar os embarques de produtos agrícolas de um porto no Mar Negro, uma medida que atrai ceticismo do governo de Kiev, bem como de Washington, já que a Ucrânia não é parte do acordo. Em comunicado na terça-feira, o Ministério das Relações Exteriores ucraniano pediu garantias de segurança para restaurar os embarques nos portos do país, incluindo uma solicitação de armas necessárias para proteger a costa e patrulhar uma área no Mar Negro.

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