A revolução bolivariana passará em 2015 por sua maior prova desde a morte de Hugo Chávez. Neste ano, os eleitores venezuelanos deverão renovar a Assembleia Nacional – e a presidência de Nicolás Maduro, que perdeu 28 pontos porcentuais de popularidade desde que foi eleito e corre o risco de perder a maioria do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) para implementar suas políticas.
Com uma crise econômica marcada por uma recessão que tende a persistir, escassez de bens fundamentais, inflação de 63,6%, evasão de divisas e retração nos setores industrial e comercial, será difícil para o líder chavista recuperar a aprovação dos venezuelanos antes da renovação dos deputados.
“Essa votação, que ainda não está convocada, terá de ocorrer ao longo de 2015, porque o novo Parlamento tem de ser instalado em janeiro de 2016. Ela ocorrerá em meio a uma situação econômica e política muito negativa para o chavismo”, afirmou à reportagem o analista político venezuelano Luis Vicente León, presidente da consultoria Datanalisis.
Segundo o especialista, a situação venezuelana deteriorou-se dramaticamente e se complicou com a queda do preço do petróleo. O governo estipulou o valor do barril de petróleo produzido na Venezuela em US$ 60 na sua previsão de orçamento para 2015, mas ele já é cotado no mercado internacional abaixo de US$ 48.
Com a receita do petróleo, Caracas financia, além do aparelho estatal, os subsídios para a compra de alimentos e gasolina – o litro do combustível é vendido a US$ 0,01 no país – e os programas sociais que conferem ao chavismo sua popularidade entre os mais pobres. A escassez de produtos, associada à inflação que, segundo economistas venezuelanos, poderá ultrapassar os 70% neste ano, tem prejudicado a capacidade de consumo da população. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.