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Crise na Santa Casa de SP pode afetar Hospital Geral de Guarulhos

A direção da Santa Casa de São Paulo informa que a crise que afeta a instituição deverá afetar outras unidades administradas pela Irmandade, como o Hospital Geral de Guarulhos
Outras unidades administradas pela Irmandade que também podem ser afetadas, além do Hospital Geral de Guarulhos, são o  Hospital São Luiz Gonzaga, na zona norte,  e o Hospital Penitenciário.
 
"Os fornecedores também podem deixar de entregar os insumos nesses locais, porque a instituição com dívida é a mesma", disse Kalil Rocha Abdalla, provedor da Santa Casa. Após a decisão do fechamento Pronto Socorro em São Paulo ser tomada, a Santa Casa avisou os órgãos reguladores de vagas que não iria mais receber pacientes e afixou em seu portão principal uma faixa avisando os usuários sobre a interrupção do atendimento.
 
Responsável por receber 1,2 mil pacientes diariamente e referência em atendimentos de alta complexidade, o Pronto-Socorro da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, na região central da cidade, fechou suas portas nesta terça-feira, 22, por falta de material e de medicamentos, conforme revelou na tarde de ontem o portal estadao.com.br. Os insumos deixaram de ser entregues pelos fornecedores depois de a instituição acumular uma dívida de cerca de R$ 50 milhões com as empresas.
 
Em 400 anos de história, é a segunda vez que a Santa Casa interrompe os atendimentos de urgência e emergência. O primeiro fechamento ocorreu nos anos 1980, pelo mesmo motivo. Não há previsão de quando a situação será normalizada.
A decisão de fechar as portas do pronto-socorro foi tomada na manhã desta terça, após a direção ser comunicada por médicos que faltavam itens básicos no PS, como seringas, catéteres, luvas e remédios. "Temos 700 pacientes no setor de internação e mais de 100 que já estão no pronto-socorro. Preferimos assegurar que estes fossem atendidos com o nosso pequeno estoque de insumos do que receber mais pacientes e todos ficarem sem o atendimento adequado", afirmou Kalil Rocha Abdalla, provedor da Santa Casa.
 
Ele diz que a situação ficou insustentável porque o repasse recebido pela instituição por parte dos governos estadual e federal é insuficiente para cobrir os custos dos atendimentos feitos pelo SUS. "Hoje, só recebemos 60% do que gastamos. No pronto-socorro central, por exemplo, temos 100 leitos e operamos sempre com cerca de 60 pacientes a mais, em macas no corredor, pelos quais não recebemos um centavo", diz ele.
De acordo com o provedor, a Santa Casa recebe hoje repasse de R$ 20 milhões mensais, quando o necessário seria cerca de R$ 34 milhões. Ontem, o Estado entrou no pronto-socorro e viu 46 pacientes sendo atendidos no corredor. Um terço deles estava lá há mais de três dias à espera de um leito regular.
A demanda ficou ainda maior após o Pronto-Socorro do Hospital das Clínicas fechar parcialmente para reforma, em fevereiro de 2013. Segundo a direção da Santa Casa, o número de atendimentos aumentou 40%.
 
Promessas
 
De acordo com Abdalla, os governos não cumpriram integralmente com a promessa de aumentar o repasse para a Santa Casa após a entidade ameaçar fechar as portas do pronto-socorro, em 2011. "Tivemos um pequeno aumento de repasse do Ministério da Saúde, por meio do programa SOS Emergências, mas só isso. O governo do Estado disse que dobraria o repasse para as Santas Casas, mas nós não recebemos isso", disse. 
 
De acordo com o provedor, entre 2011 e 2014, o aumento no repasse dos dois governos foi de R$ 2,5 milhões mensais, o que ele considera insuficiente.
 
"Nos últimos meses, liguei várias vezes para os secretários municipal e estadual da Saúde avisando sobre a situação, mas parece que ninguém acreditava. Hoje, depois que eu os comuniquei sobre o fechamento, começaram a me ligar em busca de uma solução", disse Abdalla.
 
De acordo com o provedor, o fechamento do pronto-socorro não está relacionado com a dívida total da Santa Casa, de mais de R$ 300 milhões. "Essa nós estamos renegociando. O problema de agora foi que os fornecedores não querem mais entregar insumos porque não temos dinheiro para pagar", diz ele.
 

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