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Crise venezuelana põe caso de diretores da Citgo presos em Caracas no limbo

Seis executivos da refinaria Citgo, cinco deles americanos, estão há um ano e três meses presos na Venezuela. Segundo seus parentes, são acusados falsamente de corrupção. O destino deles, em meio ao impasse entre o presidente Nicolás Maduro e o líder opositor Juan Guaidó, é incerto, assim como o da empresa para o qual trabalha, sediada nos Estados Unidos, mas controlada pela estatal venezuelana PDVSA.

Tomeu Vadell é um desses executivos. Ele está em uma prisão militar controlada pelo Serviço de Inteligência Bolivariano, o Sebin, em Caracas. Nas poucas oportunidades que tem de contato com a família, pergunta se as filhas, que vivem na Lousiana, estão bem e frequentando a igreja. Ele conta que tenta passar o tempo fazendo ginástica na cela, para manter o corpo e a mente sãos. Poucos minutos depois, a ligação cai.

“Ele sempre diz que nunca tirarão sua necessidade”, diz Cristina, de 27 anos, que é engenheira e trabalha em plataformas de petróleo, como o pai.

Segundo as famílias dos chamados “Seis da Citgo”, os executivos estão detidos em condições precárias, em celas hiperlotadas, sem acesso a banho de sol nem ar livre. Vadell, segundo seus parentes, já perdeu 27 quilos na prisão. Em uma foto dele na prisão à qual a Associated Press teve acesso, o executivo está magro, abatido, com olheiras e ossos do rosto marcados.

Seu caso não dá mostras de que vai avançar. Uma audiência preliminar já foi adiada 12 vezes sem razão aparente, o que leva as famílias acreditar que os executivos devem ser usados como moeda de troca em negociações políticas.

“Com a crise atual, tudo é tão volátil que só temos mais incertezas”, diz Cristinas. “Não sabemos o que vai acontecer, mas sabemos que não desistiremos até que ele volte para casa.”

O drama de Vadell começou em novembro de 2017, quando a diretoria da PDVSA convocou os executivos para uma reunião de emergência.Foram chamados também Gustavo Cárdenas, chefe de relções estratégicas com acionistas; Jorge Toledo, vice-presidente de marketing; Alirio Zambrano, vice-presidente da refinaria de Corpus Christi, no Texas; José Luis Zambrano, vice-presidente de serviços, e José Ángel Pereira, presidente da Citgo.

Já em Caracas, em uma reunião na PDVSA, homens armados entraram na sala de conferências e prenderam os seis executivos. Horas depois, o procurador-geral Tarek Saab apareceu na TV estatal comunicando a prisão por suspeita de corrupção com títulos da dívida da Citgo. O próprio Maduro acusou os executivos de “traição”.

“Ele viajou numa segunda-feira e voltaria numa terça”, diz Dennysee, mulher de Vadelll. “Mas nunca retornou.

Às prisões, se seguiria um expurgo na indústria de petróleo venezuelana que culminaria com a demissão de Nelson Martínez da chefia da PDVSA. Em seu lugar, entrou Manuel Quevedo, general próximo de Diosdado Cabello, o homem forte do chavismo. Na Citgo foi assumida por Asdrúbal Chávez, primo do presidente Hugo Chávez e aliado de Maduro. Em dezembro, Martínez morreu sob custódia policial.

O governo americano monitora a situação. Autoridades venezuelanas têm negado o acesso de diplomatas aos presos porque, pela Convenção de Viena, Caracas não tem obrigação de reconhecer a dupla nacionalidade dos presos.

Ao canal de TV Fox News, o secretário de Estado Mike Pompeo disse que “onde haja um americano detido injustamente, faremos de tudo por sua libertação”.

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