O prefeito de Varginha, uma das principais cidades da região sul de Minas Gerais, Antônio Silva (PTB), renunciou ao cargo nesta segunda-feira, 6, após repercussão negativa de um decreto assinado por ele na semana passada reabrindo, a partir desta semana, o comércio do município durante a pandemia do coronavírus. Pressionado, Silva revogou o decreto e decidiu deixar o cargo. A renúncia foi comunicada nesta manhã à Câmara dos Vereadores. O vice, Verdi Lúcio Melo (Avante), assume a prefeitura da cidade.
A reação contra a reabertura do comércio partiu de entidades como o próprio conselho criado pela prefeitura para adotar medidas durante a pandemia, a associação médica, o conselho municipal de saúde e o Ministério Público em Varginha. "O prefeito me ligou na manhã de ontem, fez uma retrospectiva do nosso trabalho e, ao final, disse que iria renunciar", afirmou o vice-prefeito, que deverá tomar posse nesta terça-feira, 7.
Melo afirma que o prefeito vinha sofrendo inclusive agressões pessoais pela decisão de reabrir o comércio. "Ele já vinha pensando em deixar o cargo, por ter 78 anos e ter que fazer atendimentos neste período de pandemia. Mas a reação pela decisão de reabrir o comércio foi o que realmente o levou a renunciar", relata o vice-prefeito.
Na carta-renúncia que enviou à Presidência da Câmara dos Vereadores, o prefeito, que já governou o município por outras três vezes, afirma que procurou "ao longo desse tempo, desempenhar minha função com honestidade, probidade e integral dedicação, no afã de corresponder às expectativas daqueles cidadãos que me confiaram o seu voto". Silva diz ainda: "não sou prefeito, apenas estou prefeito, mas, nas atuais circunstâncias e por razões de foro íntimo, reconheço não ter condições de continuar administrando a prefeitura".
Ao receber a renúncia, a presidente da câmara, Zilda Maria da Silva (PSDB), informou ter marcado reunião extraordinária na Casa para esta terça-feira, para que os parlamentares tomem conhecimento oficialmente da renúncia e para os procedimentos de posse do vice. Melo afirmou que, depois de assumir o cargo, precisará encontrar um "ponto de equilíbrio" entre comerciantes da cidade que pressionam para a retomada do comércio e o posicionamento dos representantes da sociedade que são contrários à medida.