Todos os anos, na sexta-feira anterior ao carnaval, o prefeito do Rio entrega simbolicamente as chaves da cidade ao Rei Momo, que passa a ser a “autoridade máxima” do município. Com o gesto, é declarada oficialmente aberta a folia carioca. Agendada para as 18 horas desta sexta-feira, 24, a entrega não havia sido feita pelo prefeito Marcelo Crivella (PRB) até as 19 horas.
Durante todo o dia, a prefeitura foi procurada por telefone pela reportagem para dar informações sobre a “cerimônia de transmissão”, mas não atendeu às ligações – esta sexta é ponto facultativo nas repartições públicas. A Riotur, responsável pelo carnaval, informou não ter detalhes sobre o evento, tampouco confirmava a presença de Crivella ou de outro representante dele.
Surgiram informações desencontradas – funcionários disseram que a entrega da chave caberia ao vice-prefeito, Fernando Mac Dowell (PR), outros atribuíram a função à secretária municipal de Cultura, Nilcemar Nogueira, que é ligada ao universo do carnaval.
A chave chegou ao sambódromo no início da tarde, conduzida por integrantes do Instituto Cultural Candonga, entidade que é guardiã do símbolo no intervalo entre os carnavais. “Fomos chamados para o evento às 18 horas, mas ninguém nos disse quem vai entrega-la ao Rei Momo”, disse Maria Cristina Silva de Jesus, presidente do Instituto Candonga. Diante do atraso e da falta de informações, ela contemporizou: “Atraso é normal, daqui a pouco chega alguém”.
Por volta das 17 horas, os músicos que integram a banda da Guarda Municipal chegaram ao sambódromo. “Chamaram a gente para um evento, mas não explicaram para que é”, contou um deles, sem se identificar.
O Rei Momo, Fábio Damião, informou por telefone, por volta das 17h30, que estava em um hotel próximo ao sambódromo aguardando ordens para seguir ao evento. “Segundo me informaram, a entrega das chaves será às 18 horas”, contou. Às 18h45, sambistas integrantes das escolas da Série A já chegavam ao sambódromo para a primeira noite de desfiles. As exibições começam às 22 horas desta sexta.
Outro mistério é: Crivella vai ou não à Sapucaí para acompanhar o desfile das escolas de samba em seu primeiro carnaval como prefeito? Nenhum assessor sabe dizer. Quando indagado sobre o assunto, ele desconversa. Especula-se que o prefeito viajaria. Ele é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, que é contra a participação de seus fiéis na “festa profana”.
Em seu perfil no Facebook, Crivella não falou de carnaval nesta sexta-feira. “Aproveitando o dia para fiscalizar obras na cidade”, diz postagem do prefeito. Na foto, ele aparece à beira de uma estrada em Guaratiba, na zona oeste do Rio, longe do burburinho dos blocos de rua.