De certa forma, as galinhas de um pequeno granjeiro de Caucaia do Alto, na Grande São Paulo, ajudaram a definir o lugar onde seria construído o maior aeroporto do País, o nosso, de Guarulhos.
Em Caucaia do Alto ficava a área escolhida, em 1977, para construção do aeroporto. Mas a escolha escondia um pecado ecológico. O terreno avançava sobre parte de uma reserva florestal, um dos últimos repositórios da mata atlântica. Dezenas de entidades ambientalistas, e criadores da região, se insurgiram. Um destes o de galinha, retratado em uma reportagem do Jornal da Tarde.
O Governo do Estado acenava aos caucaienses com os benefícios que o aeroporto traria à economia da região. Mas enfrentava concorrência. O Governo Federal queria a instalação em Guarulhos, onde já estava a Base Aérea de São Paulo.
Os moradores e a Prefeitura de nossa cidade, no entanto, não gostavam da ideia. O prefeito e vereadores chegaram a ir a Brasília, alertar sobre transtornos como a poluição sonora que o novo aeroporto traria. Alguns técnicos engrossaram as críticas. Consideravam arriscado operar aviões em um lugar sujeito a neblina e muito próximo de uma serra, a da Cantareira.
Não houve como. Em janeiro de 1985, há 32 anos, inaugurou-se o aeroporto que hoje é o maior do País, com 37 milhões de passageiros e 400 milhões de toneladas de carga transportados, onde podem estacionar 108 aviões. É também o maior da América Latina.
O aeroporto foi importante para o progresso da cidade, e ajudou a torna-la conhecida. Os aviões, é verdade, incomodam os moradores que têm sobre suas cabeças as rotas de pouso e decolagem, mas o pior já passou.
O Boeing 707, o mesmo que transportou Fernando Henrique Cardoso quando presidente, roncava tanto que era proibido em outros países. Mas, como outros barulhentos, saiu de operação. E hoje equipamentos de última geração, ativados de terra, garantem a segurança das operações.