Crônica do jornalista Valdir Sanches
Ah, se eu tivesse um cargo de mando nas decisões do futebol. Acabaria com a grosseria e a deslealdade criminosas que se vê nos campos, e está aí o Neymar como prova do que há.
Explicaria a jogadores e técnicos: o futebol é um esporte, e esporte é uma prática nobre, entre pessoas de bem, e tem que ser praticado como tal. Nenhuma atitude antiesportiva será tolerada. Um jogador barra seu colega adversário com uma entrada deselegante, e nem se desculpa. É um gesto esportivo? Não. Cartão vermelho.
Empurrou, segurou pela camisa, mordeu, deu cotovelada, cabeçada, carrinho, ou simplesmente se dirigiu ao outro com termos ofensivos… Convenhamos, tais práticas ferem o melhor espírito esportivo. Portanto, fora!
No caso de a disputa terminar por falta de jogador em campo, será validado o resultado do momento em que o último expulso saiu.
À margem do gramado estarão as mesas do delegado de polícia e seu escrivão. E o banco dos agentes. Em caso de jogada violenta, como aquela do colombiano em Neymar, os policiais entram em campo e dão voz de prisão ao elemento. Levado à presença do delegado, será autuado em flagrante por agressão.
O bandeirinha e o gandula serão ouvidos como testemunha. Uma vez autuado, o agressor será jogado no camburão que o levará para o xadrez.
Se o avanço do jogador sobre o adversário for ainda mais grave, será enquadrado por tentativa de homicídio. Neste caso deixará o campo algemado, com os policiais agitando os braços para estimular a vaia da torcida.
Fiel ao fato de que o futebol foi inventado na Inglaterra, quando não havia holligans, é preciso cuidar também das boas maneiras. Os jogadores não podem cuspir em campo, falar palavrão ou fazer gestos obcenos. Preferencialmente não deveriam suar, mas, dada a exigência de esforço físico, a falta seria tolerada em países quentes, como o Brasil.
O uniforme e a aparência devem ser mantidos impecáveis, durante toda a partida. Nisso, as equipes poderão se espelhar em Cristiano Ronaldo. Exibir trajes de baixo, digamos, cueca, acarretará flagrante por atentado ao pudor. Já imaginou Neymar explicando aos colegas de cela que não foi de propósito?