Estadão

Cruzeiro diz que fez importante sacrifício econômico para tentar manter Fábio

Um dia após o goleiro Fábio se despedir da torcida do Cruzeiro, o novo comando do Cruzeiro veio a público nesta quinta-feira para explicar a saída do jogador que mais defendeu o time em sua história. Em comunicado, o clube mineiro disse que fez "importante sacrifício econômico" para tentar manter o goleiro de 41 anos, grande ídolo da torcida.

"Sendo Fábio o ídolo que é, um importante sacrifício econômico foi feito. Foi oferecido ao jogador um contrato que certamente extrapolava o razoável para um clube publicamente deficitário. Os termos desta proposta não foram aceitos pelo atleta e seu agente", disse a nova gestão do Cruzeiro.

Com 976 jogos pelo time, Fábio pretendia defender a equipe até o fim da nova temporada, com a missão de buscar o acesso para a Série A do Campeonato Brasileiro. O Cruzeiro, por sua vez, ofereceu vínculo menor, de três meses, até o fim do Campeonato Mineiro. Pelo novo acerto, o jogador poderia ser enquadrado no novo teto salarial do clube. Nenhuma das partes revelou os valores envolvidos na negociação.

No comunicado, o Cruzeiro alega que vem fazendo cortes de custos para manter a viabilidade econômico da gestão. "O Cruzeiro tem um desafio imenso de reorganização que precisa ser planejada e executada considerando a sobrevivência da entidade. Nesse sentido, a reestruturação precisa ocorrer em diversos campos: financeiro, organizacional, administrativo e, claro, esportivo. Muitas decisões não são populares mas precisam ser adotadas."

De acordo com a nova gestão, Fábio não aceitou a contraproposta. "As decisões no Departamento de Futebol visam a construção de uma equipe competitiva, sustentável e que esteja a altura da grandeza do clube. Foi exatamente um projeto nessas condições que foi apresentado ao goleiro de 41 anos, que o negou."

A oferta do Cruzeiro tinha por objetivo permitir que o jogador fizesse sua despedida em campo. "A proposta era de que Fábio pudesse, em campo, ao longo do Campeonato Mineiro, se despedir da torcida como ele e a própria torcida merecem. Inclusive, o Cruzeiro segue aberto para que inúmeras homenagens extracampo aconteçam."

Por fim, o clube reforçou suas diretrizes para minimizar a crise financeira enfrentada nos últimos anos. "Não é mais possível aceitar um perfil de administração que fez tantos clubes chegarem a um cenário de inviabilidade. O Cruzeiro tem clareza de que não há outra forma de manter a história de um dos maiores clubes de futebol do mundo que não seja com uma gestão responsável, com colaboradores e atletas que estejam plenamente alinhados a esse pensamento."

Na noite de quarta, Fábio se despediu da torcida, pelas redes sociais, afirmando que o clube não deu opção de renovar seu contrato pelo novo teto salarial. "Quero deixar claro que aceitaria a readequação ao novo teto salarial, mas essa nova administração também não me deu essa opção. Sempre estive pronto para ajudar o Cruzeiro, inclusive me readequando à nova realidade, o que já fiz em outros momentos de dificuldade do clube."

Ele jogou no Cruzeiro pela primeira vez em 2000. Voltou em 2005 e se tornou ídolo da torcida. Ganhou muitos títulos e foi eleito o melhor goleiro dos Brasileiros de 2010 e 2013. Aos 41 anos, sonhava ficar até dezembro para superar os 1000 jogos pelo clube e se despedir colaborando para a equipe voltar à Série A.

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