Dissidentes cubanos disseram na terça-feira que a polícia local prendeu, pelo menos, três integrantes da oposição política da ilha, antes do primeiro grande teste de tolerância do país em relação à dissidência desde que o governo se aproximou dos Estados Unidos neste mês.
A artista expatriada Tania Bruguera retornou a Cuba na sexta-feira após anunciar planos para colocar um microfone aberto na Praça da Revolução para qualquer membro do público na terça-feira. O local é o coração simbólico do poder político cubano.
Horas antes da manifestação, a polícia prendeu, pelo menos, três dissidentes conhecidos e chamadas pararam de chegar até o celular de Bruguera. Seus apoiadores disseram que não sabia onde ela estava e a polícia impediu um repórter de se aproximar da porta de seu apartamento em Havana.
“Eu estava preso”, afirmou o dissidente Antonio Rodiles à Associated Press por telefone. A esposa de Eliecer Avila, chefe do grupo de oposição moderada “Somos Mas”, disse que ele também havia sido preso, juntamente com Reinaldo Escobar, marido da blogueira Yoani Sánchez.
O grupo de Rodiles apoiou publicamente o plano de Bruguera. Não ficou imediatamente claro se Escobar e Avila estavam planejando participar da performance. No fim, com Bruguera ausente, o evento não se materializou como prometido.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, prometeu neste mês aliviar o embargo a Cuba. Ele também afirmou que a normalização das relações diplomáticas a melhor maneira de apoiar a sociedade civil cubana. O presidente Raúl Castro disse à Assembleia Nacional, três dias depois, que a distensão não levaria a uma mudança no sistema de partido único de Cuba.
“A liberdade de expressão continua o núcleo da política norte-americana em Cuba; apoiamos ativistas que exercitam tais direitos e condenamos as detenções de hoje”, disse Roberta Jacobson, secretária de Estado adjunta para Assuntos do Hemisfério Ocidental. A fala foi feita por meio do Twitter. Fonte: Dow Jones Newswires.