Uma auxiliar de enfermagem de 38 anos que trabalhava como cuidadora do médico Murillo de Oliveira Villela, de 93 anos, foi presa pela Polícia Civil nesta sexta-feira, 21, sob suspeita de ter participado do assalto que terminou na morte de Villela nesta quinta-feira, 20. Segundo a investigação, a mulher teria entregado as chaves do apartamento do médico para criminosos que invadiram o local e fugiram levando um cofre. Villela morreu após passar mal durante o roubo.
As informações foram divulgadas pela Polícia Civil nesta sexta. O caso foi investigado pelo 78.º Distrito Policial (Jardins). "A doutora passou mais de vinte horas se debruçando em cima do caso e pegando todos os rastros que o crime foi deixando, até conseguir desvendar esse delito bárbaro", disse o delegado Albano David Fernandes, diretor de Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), em referência à delegada Zuleika Gonzalez Araújo.
Segundo Zuleika, a conclusão da participação da cuidadora e a identificação de um dos outros três envolvidos se deu por meio de ferramentas de investigação e inteligência. "Foram encontradas contradições no depoimento da cuidadora. Ela acabou confessando que entregou as chaves do apartamento para o suspeito, informou sobre o cofre e confessou a participação no delito" explicou a delegada.
Agentes foram até a residência do suspeito, mas não o localizaram. A mulher dele foi conduzida à delegacia e questionada sobre as relações do homem com a cuidadora. "Na delegacia, a mulher informou que conhecia a cuidadora e também reconheceu o marido nas imagens", apontou a delegada.
A Justiça decretou a prisão temporária da cuidadora e foi solicitada a prisão do suspeito identificado. A Secretaria da Segurança Pública informou que as investigações prosseguem para identificar e prender os outros dois envolvidos no crime. O diretor do Decap destacou a importância de se escolher com critérios funcionários que vão trabalhar dentro das residências. "É preciso ter muita cautela na hora de contratar um cuidador. É preciso conhecer a pessoa e checar os lugares onde ela já trabalhou. Todos os cuidados são necessários", disse.
<b>Médico atuou com Villas Boas no Xingu</b>
Villela atuou com o indigenista Orlando Villas Bôas, o mais velho de três irmãos que lideraram a expedição Roncador-Xingu, que começou em 1943 – na viagem, tiveram contato com 14 tribos indígenas. No velório de Villas Bôas, em dezembro 2002, ele compartilhou um pouco da rotina que teve com o amigo.
"O médico, em uma de suas estadas no parque indígena, ensinou a Orlando como medir a pressão, utilizar o estetoscópio, aplicar injeções e realizar pequenas suturas", consta de nota pública da Assembleia Legislativa divulgada na data. "Orlando muitas vezes, sob minha supervisão, participou do diagnóstico de pacientes, ele tinha muita sensibilidade, tendo inclusive participado da discussão de casos com outros médicos", relatou naquela oportunidade Murillo Villela.
Villela também foi presidente da Sociedade Brasileira de Medicina Aeroespacial, que se intitula como "especialidade muito difundida em todo o mundo, realizando há mais que 70 anos congressos anuais para troca de experiências e atualizações em que se discutem os agentes agressores do organismo humano representados pelo ato de voar, mesmo em aeronaves modernas".