No dia 12 de fevereiro, a página 3 do <b>Estadão</b> trazia a notícia de criação de uma nova entidade. A Sociedade de Cultura Artística, dizia o texto, se dedicaria a promover a arte nacional, abrindo espaço para artistas e público, acompanhando na cultura o progresso que a cidade então experimentava.
A iniciativa levava a assinatura de importantes artistas e jornalistas como Vicente de Carvalho, Nestor Pestana, então chefe de redação do <b>Estadão</b>, e Julio Mesquita, que em 1902 tornou-se único proprietário do jornal, do qual foi colaborador e diretor desde 1885.
De lá para cá, 110 anos se passaram. E para marcar a data, dois concertos serão realizados na Sala São Paulo, hoje e amanhã, com uma estrela do canto lírico internacional, o contratenor polonês Jakub Józef Orlínski, que se apresenta com o conjunto Il Pomo D Oro em um repertório batizado de Facce d Amore, com árias de óperas, muitas delas escritas para o célebre castrato Farinelli.
<b>Teatro</b>
Hoje, durante a apresentação, também será anunciada a retomada das obras do novo Teatro Cultura Artística (o antigo prédio foi destruído por um incêndio em 2008, restando apenas o enorme painel de Di Cavalcanti na fachada do teatro, na Rua Nestor Pestana, que já foi restaurado).
Em setembro, começa a fase final do trabalho. E a expectativa é de que já em 2023 as instalações comecem a funcionar, antes da inauguração oficial, marcada para 2024.
"Em 1950, quando o teatro original ficou pronto, as atividades da Cultura Artística foram potencializadas, tornaram-se mais dinâmicas. E temos certeza de que o mesmo vai acontecer agora com o novo teatro, em especial no que ele vai possibilitar em termos de ampliação das importantes atividades pedagógicas que já desenvolvemos", explica Frederico Lohmann, superintendente da entidade.
Segundo Lohmann, após o incêndio, a Cultura Artística iniciou uma reflexão a respeito do sentido que um novo teatro precisaria ter. "Ficou claro para nós a necessidade de pensar o significado que um novo teatro precisaria ter para a cidade. E a resposta foi ter um papel mais ativo na formação. Passamos a apoiar projetos como as primeiras edições do Ilumina Festival, o Encontro de Música Antiga da USP. E assumimos as atividades da Fundação Magda Tagliaferro. Hoje, temos doze músicos bolsistas no Brasil e seis no exterior, já começando a desenvolver carreiras importantes", diz.
"De um lado, temos assim o foco na excelência de programação, com a vinda ao Brasil de grandes artistas e conjuntos. E, de outro, esse investimento na formação musical", afirma. E ambos dialogam. "Hoje, no contrato que fazemos com os artistas já incluímos atividades pedagógicas. O Orlinsky vem cantar e vai também oferecer masterclass, assim como os músicos do Il Pomo D Oro", completa.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>