O ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), entrou na sala de audiências do segundo andar da Justiça Federal, em Curitiba, carregando um calhamaço de papeis embaixo do braço. O ex-deputado é interrogado nesta terça-feira, 7, pelo juiz federal Sérgio Moro, da Operação Lava Jato.
É a primeira vez que Moro e Cunha ficam cara a cara. A audiência começou poucos minutos após as 15 horas, na sala de audiências da 13ª Vara Federal de Curitiba, base da Lava Jato.
O ex-deputado está preso em Curitiba desde 19 de outubro de 2016, por ordem Moro. Até aqui, o peemedebista escolheu o silêncio como estratégia.
Oficialmente, Cunha não deu qualquer sinal à Polícia Federal e Ministério Público Federal de que quer colaborar com as investigações. Mas logo após ser preso, contratou o criminalista Marlus Arns, de Curitiba, responsável por algumas das delações da operação.
Nesta ação, a segunda em que Cunha é réu na Lava Jato, o deputado cassado teria recebido em suas contas na Suíça propinas de ao menos R$ 5 milhões referentes à aquisição, pela Petrobras, de 50% do bloco 4 de um campo de exploração de petróleo na costa do Benin, na África, em 2011.
O negócio foi tocado pela Diretoria Internacional da estatal, cota do PMDB no esquema de corrupção.
O Ministério Público Federal sustenta que parte destes recursos foi repassada para Cláudia Cruz, mulher de Eduardo Cunha, também em contas no exterior – a transação está sendo investigada em outra ação, específica contra a mulher do peemedebista.